QUEDA DOS PREÇOS SOLARES É BOA PARA O CLIMA, MAS RUIM PARA EMPRESAS

Há um lado positivo na queda dos preços dos painéis solares, embora alguns fabricantes dos EUA e da Alemanha, que dependiam muito de subsídios para a energia verde, tenham falido – os custos da energia solar caíram mais rápido do que qualquer um pensava ser possível.

A queda nos preços de componentes fotovoltaicos, provocada por economias de escala e a competição acirrada da China, tornou a energia solar quase tão barata quanto fontes convencionais na rede de eletricidade da Alemanha.

O crescimento na Alemanha, o maior mercado fotovoltaico do mundo, com 24 mil megawatts de capacidade instalada, também ajudou a reduzir os custos no mundo todo, tornando a energia solar uma alternativa mais viável e acessível para combustíveis fósseis em locais que vão da Índia e do Oriente Médio à África e à América do Norte.

A inesperadamente rápida queda nos preços solares globais, no entanto, atingiu fortemente alguns fabricantes de equipamentos – produtores como a Solyndra nos Estados Unidos e a Solon na Alemanha, que não conseguiram manter o ritmo e acabaram na proteção contra a falência.

O fechamento da Solyndra, que havia tomado US$ 535 milhões em empréstimos do governo dos EUA, é às vezes citado por céticos como uma evidência dos perigos associados ao apoio à indústria através de incentivos. Eles argumentam que os subsídios desperdiçam o dinheiro público.

“Ninguém está entendendo a verdadeira história e é incrível como algumas pessoas são estúpidas”, disse Jeremy Rifkin, assessor do governo alemão e da União Europeia para mudanças climáticas e segurança energética. “É uma coisa absolutamente positiva que os preços solares estejam caindo mais rapidamente do que qualquer um pensava que eles pudessem cair”.
“Na verdade, é um grande sucesso”, afirmou o economista dos EUA a Reuters. “Os que criticam a energia solar por isso estão sendo ignorantes ou dissimulados. É um processo de filtragem similar ao que os setores de computação e as comunicações passaram. Companhias que não podem ficar à frente afundam”.

ENERGIA SOLAR BARATA:

A Alemanha é o maior mercado para energia solar apesar da nebulosidade e da latitude setentrional. Um quadro jurídico forte que obriga as empresas a comprar energia solar a taxas acima do mercado anulou essas desvantagens, levando a Alemanha ao primeiro lugar do mundo em teste de energia fotovoltaica.
Ainda devido à queda dos preços dos componentes, os preços da energia solar na Alemanha foram reduzidos à metade nos últimos cinco anos e a energia solar gera agora eletricidade em níveis apenas alguns centavos acima do que os consumidores pagam. Os subsídios desaparecerão inteiramente dentro de poucos anos, declarou a associação solar alemã BSW, quando a energia solar será tão barata, quanto os combustíveis fósseis convencionais.

A Alemanha acrescentou 14 mil megawatts de capacidade só nos últimos dois anos e agora tem 24 mil megawatts no total – eletricidade verde o suficiente para atingir cerca de 4% da demanda de energia do país. Essa parcela deve aumentar para 10% até 2020. A Alemanha agora tem quase dez vezes mais capacidade instalada do que os Estados Unidos.

A ‘tarifa feed-in’ (FIT) imposta pelo governo da Alemanha é o motor para o crescimento. A FIT é a taxa que garante que as empresas são obrigadas a pagar aos produtores de energia solar por um período de 20 anos. Ela caiu para 24 centavos de euro por kWh para novas usinas em 2012, dos 57 centavos em 2004.

Desde 2010, cortes semestrais nos incentivos aumentaram, reduzindo a FIT dos 43 centavos de então.
“O crescimento da energia solar na Alemanha nos últimos anos tem sido simplesmente incrível”, declarou Martin Jaenicke, diretor de pesquisa política ambiental da Universidade Livre de Berlim, citando que a energia solar é a fonte de energia mais abundante no mundo.

“As pessoas às vezes dizem que a energia solar é cara. Mas uma vez que o equipamento é pago, é uma fonte inacreditavelmente barata de energia. Idealmente, os subsídios eventualmente eliminarão a si próprios e isso é exatamente o que está acontecendo na Alemanha”.

Ainda assim, a energia solar se mantém uma fonte relativamente cara de energia mesmo na Alemanha, onde os consumidores são forçados a pagar um custo adicional de sete bilhões de euros anualmente em suas contas de eletricidade para pagar pelas taxas acima do mercado dos produtores de energia solar.

Os incentivos pagam os custos dos um milhão de painéis de energia instalados na última década. O governo alemão, que escreveu o Ato de Energia Renovável em 2000, tinha ambições mais modestas. Ele esperava ter 100 mil painéis de energia.

“É importante que a eletricidade permaneça acessível”, afirmou o ministro da economia, Philip Roesler, que argumenta que novas instalações deveriam ser limitadas a mil MW por ano. “Precisamos combater as causas do aumento de custos, e elas são acima tudo a energia fotovoltaica”.

Tom Mayer, economista do Deutsche Bank, declarou que era razoável apoiar o setor antes, mas que agora é “a hora” de cortar os subsídios em 30 a 40%, com os preços caindo para cerca de 15 centavos por kWh – 8 centavos abaixo do preço de venda.

“Agora que a tecnologia está madura, subsídios altos não são mais necessários”, disse Mayer em uma nota de pesquisa. Mesmo se algumas firmas falirem, ele afirmou: “Os principais produtores do mercado mundial podem lidar com preços menores”.


Fonte -Fonte: Reuters / traduzido por Jéssica Lipinski

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