Iguá dá início a dragagem histórica das lagoas na zona oeste do Rio de Janeiro

Imagem Padrão Noticias Sindistal

Uma obra histórica, que deveria ter acontecido antes das Olimpíadas do Rio, finalmente saiu do papel. Começou nesta sexta-feira (26) a dragagem das lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.

Houve tempo em que essas lagoas tinham as águas limpas, com muitos peixes. Elas eram cercadas de dunas de areia branquinha — uma paisagem paradisíaca numa região praticamente desabitada.

Quase seis décadas depois, o crescimento desordenado dessa parte da Zona Oeste transformou as lagoas num imenso depósito de lixo e esgoto.

A despoluição foi promessa olímpica, mas nem os jogos do Rio conseguiram tirar o projeto do papel.

A situação começou a mudar esta semana. O RJ1 acompanhou com exclusividade o início dos trabalhos que devem mudar a qualidade da água das lagoas.

As equipes usam uma máquina que parece uma retroescavadeira flutuante para remover todo o lodo e o sedimento que assorearam e deixaram o canal muito raso, impedindo a passagem de máquinas e equipamentos pesados em direção à Lagoa do Camorim.

A profundidade no local atualmente é de apenas 30 centímetros. O objetivo é aumentar a profundidade do canal que dá acesso à lagoa do Camorim para 2,5 metros.

O gerente de contrato diz que em 2h30 de trabalho já retirou muito lixo do local, com cheiro de ovo podre.

“É plástico, madeira, pneu. A gente ainda não chegou na parte mais crítica que vai encontrar geladeira, vai encontrar sofá, ou seja, tudo o pessoal joga nessa lagoa, virou um verdadeiro lixão”, diz Guilherme Soares.

O trabalho deve levar no máximo vinte dias. Depois, máquinas e equipamentos pesados que já estão posicionados no Canal do Camorim deverão avançar na direção das lagoas para iniciar a dragagem.

A quantidade total de lodo que será removida equivale a 970 piscinas olímpicas. A maior parte desse material será lançada em cavas de até 13 metros de profundidade que foram abertas nas próprias lagoas anos atrás.

Esses imensos buracos foram abertos no passado para a retirada da areia usada em aterros e obras de expansão urbana. Agora, eles vão armazenar o lodo do esgoto.

“É um processo seguro, temos uma tecnologia que é uma cortina de siltagem, que é como se fosse um véu colocado em volta das áreas das cavas. Então, a deposição fica somente de uma forma lenta na cava, sem qualquer possibilidade de dispersão desse material para as laterais das lagoas”, explica o diretor de operações da Iguá Rio, Lucas Arrosti.

A parte mais contaminada do lodo, que corresponde a aproximadamente 5% do total, será levada para aterros sanitários. A soma desse material seria suficiente para encher 8 mil caminhões de carga.

“A expectativa é que, posteriormente aos 3 anos de dragagem, a gente já a gente já comece a observar uma melhora na qualidade da água das lagoas que hoje, pela sua classificação, tem uma classificação da Conama 357 classe 3, utilizada apenas para transporte aquáticos e paisagismo”, diz Lucas.

“E a nossa expetativa é que ela chegue à classe 1, podendo ser utilizada até para lazer e esportes aquáticos com contatos primários, quer dizer, mergulho, natação, kitesurf, vela. A ideia é que após esse processo a gente consiga ter um complexo lagunar com essa possibilidade.”

Para alcançar esse objetivo, além da dragagem, será preciso impedir o lançamento de 47 milhões de litros de esgoto por dia nas lagoas. Quase metade desse volume, 21 milhões de litros de esgoto, deverão ser canalizados até o final deste ano.

Mas o prazo final de instalação das redes coletoras termina daqui a 4 anos.

Outra frente de trabalho que já dá os primeiros resultados é a revegetação dos manguezais. Ao todo, 165 mil mudas de espécies nativas de mangue estão sendo plantadas na região. A paisagem já está diferente.

“Tá melhorando a qualidade do ar. E incremento da biodiversidade. Os animais têm aí área de reprodução, alimentação, de vida, ou seja, isso aqui é um verdadeiro celeiro de vida e com potencial ecoturístico inimaginável”, diz o biólogo Mário Moscatelli.

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Fonte: G1 – Globo.com

Foto: Reprodução/TV Globo

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