MUDANÇA VAI DA PRANCHETA ATÉ O DESCARTE DE RESÍDUOS

O caminho de uma obra de infraestrutura para ser totalmente classificada de sustentável é longo. Inicia-se nas pranchetas de engenheiros e arquitetos, passa pelo cumprimento das condicionantes exigidas no licenciamento ambiental, atravessa os canteiros dos empreendimentos e chega aos impactos após a sua conclusão. O longo percurso é reflexo direto do longo ciclo de vida do setor da construção, que vai da energia e da água usadas nos canteiros, passa pela gestão de resíduos sólidos e se estende ao uso racional do empreendimento depois de executado pelas construtoras.

“A visão a ser usada é de longo prazo e exige mudança de cultura, o que pode ser acelerado com a implementação de políticas públicas para as grandes obras. É preciso analisar o balanço social, econômico e ambiental durante a vida útil do empreendimento, com avaliações periódicas”, afirma Manuel Martins, coordenador executivo do Processo Aqua para a certificação da construção sustentável e coordenador técnico da certificação de sistemas de gestão ambiental ISO 14000 da Fundação Vanzolini.

Um exemplo de como o ciclo de vida a ser analisado é longo pode ser visto na área de habitação popular, em que o déficit estimado está entre cinco milhões a sete milhões de moradias no Brasil. Na região da Serra do Mar, litoral de São Paulo, o governo estadual buscou promover a construção de um loteamento sustentável no Jardim Casqueiro, em Cubatão. Com previsão de entrega para 2014, as unidades, já parcialmente ocupadas pela população que vivia em áreas de risco, visam garantir a estabilização das áreas de encosta, a recuperação ambiental da região, bem como a regularização fundiária por meio da oferta de novas unidades habitacionais.

O terreno de 198 mil m² dará origem a oito lotes institucionais, sete lotes de áreas verdes, dois comerciais e 26 residenciais, ou seja, prevê-se a construção de um bairro e não de um condomínio habitacional de interesse social. Ele contará com 1.840 unidades habitacionais. As áreas residenciais são compostas por condomínios de diferentes tipos, com casas misturadas a prédios de quatro ou oito pavimentos e apartamentos de dois e três dormitórios.

A arquitetura e o posicionamento das unidades criam ambientes bem ventilados e com insolação adequada. As edificações também possuem janelas de quatro folhas, que, no lugar das usualmente utilizadas duas folhas de correr com usufruto de metade de sua área, aumentam o conforto, a salubridade e reduzem custos com iluminação e ventilação artificiais.

“A sustentabilidade começa no projeto, chega pela preocupação com o uso eficiente de materiais e deve se estender depois da entrega das chaves, para que as pessoas possam fazer proveito dessas construções mais eficientes”, diz Adriana Levisky, arquiteta e urbanista do escritório Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana, que desenhou o projeto do condomínio Rubens Lara.


Fonte -Fonte: Valor Econômico

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