A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) busca a melhor forma para estimular investimentos na ampliação da capacidade de pelo menos 13 hidrelétricas em 5.203 megawatts (MW) – o equivalente à potência instalada das usinas de Santo Antônio (Rondônia) e Teles Pires (na divisa entre Mato Grosso e Pará) juntas. Nove empresas – Cemig, Cesp, Chesf, Copel, Duke, Eletronorte, Emae, Endesa e Tractebel – já comunicaram formalmente à Aneel que querem investir em novas turbinas para aumentar a capacidade de geração em suas usinas.
O objetivo da agência é garantir o atendimento da demanda no sistema interligado nacional durante o horário de pico – de 17h às 20h, mas com variações diárias. Nessa faixa de horário, o uso de eletricidade nas residências dispara, enquanto muitas indústrias ainda mantêm suas máquinas ligadas.
Para atender o pico de demanda, tem sido cada vez mais frequente o uso da energia de usinas térmicas a gás e a óleo combustível, que são mais caras. Com isso, o consumidor paga encargos de serviços do sistema (ESS), que ficaram acima de R$ 1 bilhão nos últimos anos e chegaram ao recorde de R$ 2,3 bilhões em 2008.
A ideia da Aneel é que a ampliação da capacidade permita gerar mais energia nos horários de pico, mas sem alterar a produção média das usinas, com algumas exceções. Ou seja, o que elas geram a mais no momento de demanda máxima deixam de produzir em outros horários, como durante a madrugada. Com isso, o uso atual dos reservatórios praticamente não muda. Um exemplo é o da usina São Simão, a maior da Cemig, com potência instalada de 1.710 MW. Segundo a Abrage, que reúne as geradoras, ela poderia ganhar mais 1.200 MW, mas só 40 MW seriam de forma constante.
A área técnica da Aneel sugeriu que os recursos de ESS possam financiar os investimentos na repotencialização das hidrelétricas. Uma audiência pública será aberta hoje para receber, durante 30 dias, contribuições sobre o assunto. “Essa é uma forma de incentivar a inserção de unidades geradoras [em usinas] que já fizeram grande parte dos investimentos. No entanto, podem existir soluções melhores”, diz Edvaldo Alves Santana, relator do processo na diretoria da agência.
Fonte -Fonte: Valor Econômico