FUNDOS DI AINDA COBRAM TAXAS ALTAS E PERDEM PARA A CADERNETA

O novo corte da taxa básica de juros, a Selic, vai ampliar ainda mais a lista de fundos DI que rendem menos do que a antiga caderneta de poupança (0,50% de retorno ao mês mais Taxa de Referência) e até do que a nova poupança (0,43% ao mês para depósitos feitos a partir de 4 de maio, com rendimento de 70% da Selic). Enquanto muitos fundos têm elevadas taxas de administração, que servem para remunerar os gestores pelos custos da operação, a caderneta é livre de imposto de renda e encargos. Segundo levantamento do site Com Dinheiro feito para o GLOBO, a maioria dos fundos DI (62) que exigem aplicação de até R$ 10 mil ainda mantinha taxa de administração igual ou superior a 1% ao ano — e, com a taxa acima desse nível, poucos conseguem superar a poupança.

Taxas de administração acima de 2% foram localizadas em 34 opções de fundos à venda nos bancos. Oito fundos cobravam de 4% a 6,10% anuais e na média rendiam quase a metade da velha poupança. Pelas projeções do site do professor Rafael Paschoarelli, na média, só fundos DI com taxa inferior ou próxima a 1% devem oferecer rendimento superior à caderneta pelas novas regras (0,43% ao mês) com a Selic em 7,5% ao ano. Isso se o fundo só aplicar em títulos públicos e ficar fora de papéis privados que podem render mais, porém são mais arriscados. A legislação obriga que fundos DI dediquem 95% do patrimônio a papéis com retorno atrelado ao CDI (taxa que deriva da Selic), o que restringe o investimento a títulos públicos como Letras Financeiras do Tesouro (LFT) ou papéis privados como debêntures e Certificados de Depósito Bancário (CDBs).

— A falta de informação ainda é crucial para que investidores continuem dilapidando o patrimônio em fundos DI. Senão esses fundos não existiriam mais — diz Paschoarelli, que é professor de finanças da FEA/USP.

Fundo chega a cobrar 6%

O estudo da Comdinheiro mostra que, entre os 120 fundos analisados, só 14,17% (17 opções) tiveram ganho maior que a velha caderneta nas aplicações retiradas em menos de seis meses, ou seja, que paga alíquota maior de Imposto de Renda (22,5%). Mesmo ao considerar quanto a nova poupança vai render em setembro (0,43%), pouco mais da metade dos fundos analisados (63) teve ganho igual ou superior em agosto ao rendimento previsto para a caderneta.
O menor rendimento encontrado foi do Santander Fafem Referenciado DI que cobrava 6,1% de taxa de administração e era oferecido a estados, municípios ou entidades ligadas ao poder público. Rendeu 0,07% nos últimos 30 dias até 29 de agosto.

Com ganhos deprimidos na renda fixa, cabe ao investidor pesquisar opções acessíveis com custos baixos se quiser manter a segurança de aplicar em fundo DI. Existem opções com taxas de administração de 0,3% ao ano e aplicação inicial de R$ 500 a R$ 1 mil, mas são raridades.

Ricardo Leal, professor de finanças da Coppead/UFRJ, diz que opções de DI mais rentáveis podem estar fora dos grandes bancos e nem por isso são arriscadas.

— Sair do banco e ir para gestor independente não traz risco. O que dá a solidez aos fundos são os títulos em que investem. Se a gestora quebrar, os donos do fundo, que são os cotistas, vão se reunir e trocar o gestor — afirma Leal.
Investidor deve pressionar especialistas acreditam que gestoras e bancos só vão diminuir as taxas de administração ainda mais, como ocorreu nos últimos meses, se pressionados pela perda de clientes.
— A queda das taxas não vai se originar sozinha. O investidor tem que fazer o seu papel — destaca a professora Claudia Yoshinaga, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

Silvio Paixão, professor da Fipecafi/USP e consultor patrimonial, reitera que o investidor vai precisar correr mais riscos, seja no mercado de ações ou em fundos multimercado, que aplicam em juros, moedas e ações, se quiser ganhos próximos a 10%, oferecidos por fundos DI até ano passado:
— Agora é uma verdade estrita que, para ganhar da inflação e não ficar mais pobre, tem que correr mais risco.


Fonte -Fonte: Daniel Haidar

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