FIRJAN APONTA OBRAS DE INFRAESTRUTURA PRIORITÁRIAS PARA O ESTADO

Quando a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) anunciou que entre 2014 e 2016 os investimentos em infraestrutura alcançariam R$ 37,9 bilhões, calculava que boa parte já estivesse destinada em 2015.
Porém, somente um montante desse valor foi aplicado. Assim, há ainda muitos projetos a ser executados, além de outros que passaram a fazer parte da lista de iniciativas prioritárias.

Júlia Nicolau Butter, chefe de Divisão de Competitividade Industrial e Investimentos do Sistema Firjan, dá um panorama à revista O Empreiteiro do que ainda precisa ser concluído ou sair do papel no Estado, no campo da infraestrutura de transportes e logística, para se concretizar a tão sonhada transformação do Rio.
O crescimento, de acordo com a entidade, passa necessariamente pelo que a Firjan chama de “Rota do Desenvolvimento”. A rota cruza o Estado de sul a norte e envolve as principais rodovias.

“O caminho da rota é onde todo mundo quer estar próximo, seja para escoar produto, morar ou estudar. Ao longo dela, com várias ramificações, seria o local de concentração de indústrias, do comércio e dos serviços”, explica Júlia. “Olhar essa rota é pensar na expansão de desenvolvimento do Rio”.
Norte Fluminense

No entanto, muitos trechos dessa rota necessitam de investimentos. No Norte Fluminense, por exemplo, é essencial terminar a duplicação da BR-101 Norte, que já está em andamento sob responsabilidade da concessionária Autopista. “Sem isso é impossível aproveitar todo o potencial econômico da região”, avalia.
O Porto do Açu, no município litorâneo de São João da Barra, também naquela região, está se tornando um empreendimento voltado ao mercado de óleo e gás, mas a Firjan propõe a construção de ramal ferroviário do terminal portuário com a linha existente da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que passa em Campos dos Goytacazes. Trata-se de uma ligação de cerca de 40 km que já existia em projeto, mas precisa agora de definição. “São investimentos para viabilizar aquele porto, que tem um potencial imenso”, analisa Júlia.

Já no trecho sul da “Rota do Desenvolvimento” encontra-se a Via Dutra. Nela, a necessidade de construir a nova descida da Serra das Araras é premente. “É uma região de grande escoamento de carga”, diz. A obra ainda depende de aprovação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mas é possível que comece ainda este ano. “Temos um estudo que aponta o custo dos acidentes na atual descida”, conta Júlia. Pelo projeto, a nova descida será construída ao lado da atual pista de subida.

A Dutra na Baixada Fluminense também é outro problema apontado pela Firjan. O trecho sofre com o pesado trânsito local, que se mistura ao de longa distância – 170 mil veículos/dia, de acordo com a concessionária CCR. “Ela está saturada. A ampliação da Via Light é fundamental”, afirma a economista. A via liga hoje Nova Iguaçu à Pavuna (cruza mais três municípios da Baixada Fluminense antes de chegar à cidade do Rio), mas é pouco aproveitada porque falta conexão com outras vias importantes da capital. “Nosso pleito é que ela seja ampliada de modo que se conecte à cidade do Rio de Janeiro através da Avenida Brasil. São apenas 3 km para fazer essa ligação”, relata. O projeto dessa intervenção já existe, mas as obras não começaram.

Júlia explica ainda que existe um projeto de levar a Via Light até o bairro de Madureira, o que seria mais 3 km a partir da Avenida Brasil. No outro extremo, a proposta é ligá-la ao distrito industrial de Queimados. “Isso tiraria parte do tráfego local da Dutra, de gente que se locomove daqueles municípios à cidade do Rio ou usa a rodovia como via urbana”, expõe. Segundo a Firjan, a ampliação da Via Light, no trecho da Pavuna à Avenida Brasil, tiraria 25% do tráfego da Dutra. Se ampliasse até Queimados, esse número seria ainda maior.

Ainda existe uma proposta de ligar a Via Light à Linha Vermelha. Assim, concluídos todos os projetos da via, o tráfego hoje da Via Light de 13 mil veículos/dia passaria para 75 mil/dia. “É preciso ter essa obra para viabilizar o desenvolvimento da Baixada Fluminense”, cita a economista da Firjan.

Arco Metropolitano
O Arco Metropolitano teve o trecho de 71 km, ligando o porto de Itaguaí a Duque de Caixas – no entroncamento com as BRs 040 e 116 -, inaugurado no ano passado, mas é necessário concluir a duplicação (obras já em andamento) entre Magé e Itaboraí, no entroncamento com a BR-101 Norte.
No entanto, para o Arco Metropolitano estar completo, de acordo com a Firjan, é preciso fazer a ligação de Itaboraí até o município litorâneo de Maricá, onde será construído o porto de Ponta Negra.

“O projeto todo do Arco Metropolitano tem 144 km. A obra representará a ligação dos portos de Itaguaí e Ponta Negra, do litoral sul com o norte do Estado”, esclarece Júlia. O porto de Ponto Negra já tem projeto para atender inicialmente o pré-sal, e a ligação de Itaboraí a Maricá (Rodovia RJ-114) já existe, mas a via é muito modesta, em mão dupla e sem acostamento que, portanto, precisa ser ampliada.
Júlia Nicolau Butter menciona ainda que na região de Magé e Guapimirim, por onde o Arco Metropolitano passa, tem espaço para o desenvolvimento industrial e de galpão logístico, mas o governo precisa definir a forma de ocupação.

Porto de Itaguaí
Na Baía de Sepetiba, onde se localiza o porto de Itaguaí, a economista aponta uma outra preocupação da Firjan. Embora já exista projeto de dragagem no local, ela frisa a importância de duplicar o canal de acesso à baía. “Só passa hoje um navio de cada vez. Isso faz com que o navio atrase para entrar e sair. Com o Arco Metropolitano, o porto de Itaguaí ganhou muita importância”, menciona.
Ali na baía, além do porto de Itaguaí, se desenvolvem o Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos, da Marinha) e o porto do Sudeste (em fase final de obras e que atenderá o mercado de mineração), além dos terminais da ThyssenKrupp, CSN e Gerdau – há ainda uma área portuária a ser licitada. “Se não duplicar, inviabiliza”, sintetiza.
“Todos esses projetos estão dentro do conceito da ‘Rota do Desenvolvimento’”, lembra Júlia. De acordo com ela, as parcerias público-privadas (PPPs) serão importantes para tirar o peso do Estado nesses investimentos.
“A infraestrutura de logística e transporte é crucial para viabilizar investimentos industriais, e eles atraem outros investimentos, como saneamento, telecomunicação, energia elétrica e habitação”, relaciona.
Júlia ressalta que o mercado de óleo e gás continuará liderando o desenvolvimento do Rio. “Apesar do problema existente na Petrobras, o potencial imenso continuará existindo”, conclui a economista.


Fonte -Fonte: Revista O Empreiteiro

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