FALTAM PLANEJAMENTO E GESTÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS DO AUMENTO DO CUSTO DA ENERGIA, DIZEM R

Aumento da geração térmica de energia deve elevar preço do mw/h para R$400 em 2015. Primeiro dia do Energy Summit, que seguiu até o dia 17 deste mês, apontou alternativas para grandes consumidores e discutiu oportunidades de investimento no setor.

Planejar com antecedência a demanda de energia elétrica. Considerada fator indispensável para a equalização de demanda e riscos para grandes consumidores e consumidores especiais, a premissa foi o destaque do primeiro dia da 15ª edição do Energy Summit, que começou na segunda-feira (15), em São Paulo. Entidades especializadas e setor privado discutiram as necessidades e expectativas durante o Seminário de Gestão e Eficiência Energética, aberto pelo diretor presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Augusto Jorge de Faria.

Para ele, o consumidor fica vulnerável e é prejudicado pela alta de custos e falta de oferta. “Se não tem energia, o preço sobe e é isso que o consumidor está vivendo. A Anace questiona, inclusive na Justiça, a inconstitucionalidade de um ato onde se destina uma energia paga por todos para uma parcela do mercado. Quem está preocupado com a exposição involuntária do consumidor e o que vai ser feito?”, indagou.

Carlos Schoeps, sócio gerente da Replace Consultoria, aponta que a solução é o planejamento. “Diferente do mercado de energia, as empresas consumidoras têm uma dificuldade muito grande de projetar seu consumo a médio e longo prazos, por isso acabam tendo que pagar mais caro quando a reserva contratada termina”, diz, enfatizando que não é possível trabalhar com planejamentos curtos. “O mercado de energia elétrica está cada vez mais volátil por causa da geração térmica e é preciso trabalhar as contratações com mais antecedência”, alertou.

De acordo com dados apresentados por ele durante a palestra “Gestão de energia: Estruture um planejamento de curto, médio e longo prazo a partir de uma análise do mercado e de projeções sobre a variação do preço e das tarifas de energia”, a participação da energia térmica na matriz nacional saiu de 5% em 2011 para 17% em 2013 e deve fechar este ano representando uma parcela de 22%, para compensar a geração hidráulica, prejudicada pela escassez de chuvas. Esse perfil gera impactos no preço. A previsão, segundo ele, é MW/h custe em torno de R$ 400 em 2015. “é um modelo volátil e que vai se acentuar porque será preciso contratar mais das térmicas. A alternativa é planejar para minimizar tais impactos, sempre atento ao perfil e demanda de cada unidade da empresa, porque os preços não devem baixar”, disse Schoeps.

O CEO da América Energia, Andrew Frank Storfer, manteve o discurso. Para o executivo, a “curva de riscos deve ser confrontada com a curva de oportunidades, inclusive na obtenção energia limpa, tão valorizada por empresas atentas às questões ambientais de consumo”, ressaltou. Durante seu painel “ACL ou ACR? Faça uma análise comparativa dos modelos de contratação energia, mapeie riscos e oportunidades de cada mercado e determine a solução mais adequada para a sua empresa”, ele apresentou os principais pontos de interesse do consumidor, como segurança fornecimento, economia e horizonte de contratação e pontuou os atrasos de até oito meses em 75% das obras de geração já leiloadas entre 2005 e 2009. “A situação não está fácil”, disse.

Na sequência, o diretor-presidente da Brix Energia e Futuros, Levindo Santos, apresentou a plataforma e as possibilidades gerenciadas pela empresa e alertou os participantes para o fato de que a energia elétrica também integra o grupo de fatores de risco da econômica brasileira. A Brix deve iniciar em breve a oferta da ferramenta para Derivativos Financeiros de Eletricidade, já aplicado em outros mercados, para consolidação de uma bolsa de energia.

Demanda para investimentos

Mesmo com a atual insegurança no setor elétrico, investidores e empresas estão otimistas quanto ao mercado. Pedro Pilleggi, CFO da Renova Energia, abriu o ciclo de palestras do Seminário “Finanças e Financiamentos no Setor Elétrico”, e defendeu a viabilização de novos investimentos.

Segundo ele, o cenário dos próximos 5 anos terá oportunidades. “Temos que viabilizar novos investimentos em energia renovável e linhas de transmissão, para ter geração distribuída em volta do país”, disse o CFO, que complementou dizendo que “quem conseguir um projeto térmico que fique de pé, deve ter sucesso porque o Governo quer investir e o BNDES precisa que o mercado de capitais atue junto à demanda de infraestrutura”.

A chefe do departamento de energia elétrica do BNDES, Márcia Souza Leal, disse que “os desafios para os financiamentos no setor elétrico são as fontes de recursos, uma vez que o país tem um portfólio de investimentos extenso”. Márcia também abordou os projetos de segurança energética e o desenvolvimento de mercados seguros. “O marco regulatório do setor não dá garantias de segurança para o mercado de ações. E a segurança energética com sustentabilidade é um desafio, pois projetos desse nível são extremamente relevantes para o setor, envolvem aspectos socioambientais (licenciamentos, incentivo às ações sociais extra-licenciamento para entorno dos projetos; matriz sustentável e diversificada e atratividade para os empreendedores”, finaliza.

Eficiência energética

As empresas consumidoras estão investindo em automação e gestão para atingir melhores níveis de eficiência energética. É o caso do Iguatemi – Empresa de Shopping Centers SA, que administra 15 empreendimentos no país, do Hospital Albert Einstein, e da Renault, que levaram seus cases para discussão. As iniciativas voltadas à redução do consumo de energia surgiram da percepção dos impactos desse uso, traduzidos principalmente na conta mensal. Os sistemas de ar condicionado foram apontados pelos representantes do Iguatemi e do Hospital Albert Einstein como o principal demandante do consumo de energia, representando até 63% do investimento dos empreendimentos no insumo.

A Renault, uma das maiores fabricantes de veículos instaladas no país, implantou em 2012 um Plano Estratégico de Economia de Energia, com duração de quatro anos, e objetivo de atingir o menor consumo de energia por carro produzido. “Essa é nossa medida para comparar fábricas e melhorar planos”, disse o gerente de manutenção, Alessandro Speranzetta, que também apresentou projetos voltados à geração, incluindo a energia fotovoltaica “que serve para carregarmos nossos carros elétricos, uma das prioridades da Renault”, completou Alessandro.

Ainda abordando o tema o especialista em eficiência energética Petrobras Distribuidora, Raphael Terra, apresentou um case, ainda em andamento, da reconfiguração energética de uma companhia de abastecimento de água parceira. Para ele, “não há como reduzir o consumo sem conhecer os gargalos. Práticas voltadas à eficiência podem ser aplicadas em todos os lugares, inclusive em residências. A solução nem sempre pode parecer a mais interessante e se o projeto não for bem formatado o ganho em eficiência pode ser perdido a longo prazo”, ressaltou.

O ReCon, programa de otimização recursos da Pepsico voltado à avaliação qualitativa e quantitativa das fontes de energia utilizadas pela indústria, foi o case apresentado pela gerente de segurança, saúde e meio ambiente, Lea Mayor. A empresa tem meta de redução consumo de energia de 20% até 2020, se comparado com cenário 2006. “Nem sempre dá para encaixar projetos com foco sustentável em projetos de produtividade, mas o ganho é imagem, cultura e eficiência”, pontuou.

Encerrando o dia, o gerente corporativo de energia da Votorantim Cimentos, Luiz Germano Bernartt Junior, e o especialista em planejamento e energia da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Diogo Costa de Santana, apresentaram o posicionamento das companhias quanto ao consumo de energia. A CSN consome 400 mw médios, cerca 1% da demanda do Brasil. “Os benefícios da autoprodução incluem a redução de custos, diminuição da volatilidade desses custos, bem como de encargos”, pontuou Santana, que mostrou as expectativas relacionadas à energia eólica e solar.


Fonte -Fonte: Segs / Tatiana Paiva

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