Segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE), o setor de petróleo brasileiro deverá receber investimentos de US$ 50 bilhões por ano até 2035. Desse total, cerca de 70% serão aplicados em negócios no território fluminense, segundo informou na quinta-feira (04) o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro, Julio Bueno. Isso significa nada menos que US$ 35 bilhões sendo injetados anualmente na economia do estado somente pelo setor de petróleo e gás natural. Entretanto, há desafios a serem superados para que não se perca essa excelente oportunidade que se desenha para o futuro.
Assim, pela importância da cadeia de óleo e gás para o Rio de Janeiro e o atual cenário vivido pelo segmento, o setor foi escolhido como tema do primeiro “Debates Economia Rio”, ciclo de discussões promovido pela revista Economia Rio sobre negócios e finanças no estado. O evento “A cadeia de óleo e gás e os desafios do Rio 2030”, realizado na quinta-feira (04) no Ibmec Barra, reuniu, além do secretário Julio Bueno, o assessor da Diretoria da ANP, Armando Cavanha Filho, e o diretor de Marketing da Schlumberger no Brasil, Alejandro Duran.
Bueno lembrou que, entre 2007 e 2014, o Rio de Janeiro recebeu R$ 35 bilhões em investimentos no setor de óleo e gás e que o estado responde por mais de 70% da produção de petróleo do país, que foi de 1.629.341 barris diários em setembro, de acordo com dados da ANP. Já em relação ao gás natural, o Rio atualmente produz aproximadamente 40% do total, que em setembro passado foi de 32,972 milhões de metros cúbicos por dia. “O petróleo mudou o Brasil e mudou ainda mais a economia do estado do Rio de Janeiro”, frisou o secretário.
Contudo, para garantir a continuidade dos investimentos, o secretário de Desenvolvimento Econômico citou alguns desafios que tanto o estado quanto o país terão de superar para continuar garantindo um lugar de destaque no setor petrolífero mundial. “Temos petróleo. E aí, o que faremos?”, questionou Bueno, para destacar dois pontos fundamentais para a sustentabilidade do setor de óleo e gás. “Temos duas brigas fundamentais: trazer a indústria de transformação e a indústria do conhecimento, tanto para o Brasil quanto para o Rio”, disse ele.
Cavanha Filho também demonstrou preocupação com a indústria fornecedora. Para ele, as regras de conteúdo local precisam ser aprimoradas para fortalecer a indústria brasileira. “Os fornecedores da segunda camada ainda não estão capacitados de uma forma completa para atender à demanda”, frisou.
Além disso, Cavanha Filho ressaltou que alguns segmentos precisam ser fortalecidos no país, como a engenharia básica, e que a expectativa de mudanças tecnológicas na produção de óleo e gás – como a aplicação dos conceitos “fábrica subsea” e “production to shore” – exige que a indústria se mobilize para estar preparada. “É muito comum nos Estados Unidos a formação de parcerias estratégicas entre empresas para o desenvolvimento de equipamentos de alta complexidade.”
O desenvolvimento de novas tecnologias, aliás, é uma das preocupações da Schlumberger, uma das líderes no fornecimento de soluções para o mercado de subsea. A companhia investe anualmente US$ 1,2 bilhão em pesquisa e desenvolvimento (P&D). E de olho nas possibilidades do pré-sal, a empresa inaugurou um centro de pesquisa no Parque Tecnológico do Rio, na Ilha do Fundão – o único da Schlumberger no Hemisfério Sul.
Duran também corroborou uma reivindicação antiga da indústria. “A questão mais importante quando se fala de investimento é a previsibilidade do negócio. E, em óleo e gás, previsibilidade significa leilões de blocos exploratórios”, apontou. Outro ponto delicado para o executivo diz respeito ao sistema tributário brasileiro. “A questão não é baixar tributos, mas sim simplificar as regras e dar previsibilidade”, disse ele.
Sobre o futuro, Bueno, Cavanha Filho e Duran concordaram que há muito trabalho já garantido, apesar do atual momento de crise vivido pelo setor de óleo e gás brasileiro, sobretudo após as denúncias envolvendo a Petrobras. No entanto, algumas mudanças deverão ser analisadas para que o segmento que responde atualmente por 12% do PIB brasileiro mantenha sua força. Entre elas estão a obrigatoriedade de participação da Petrobras nos consórcios que vão disputar os blocos do pré-sal, o sistema tributário, sobretudo os dos estados, e o alinhamento entre as demandas da indústria e a regulação.
Fonte -Fonte: Rio Capital de Energia