Prevista pela Lei de Aprendizagem, a contratação de jovens entre 14 e 24 anos pelas empresas envolve importantes desafios e oportunidades. Por isso, o Sistema FIRJAN promoveu um encontro com especialistas e organizações que são referências em boas práticas para discutir como melhorar a inserção de aprendizes nas indústrias.
Uma das formas de aumentar a permanência desses jovens nas empresas e torná-los preparados para o mercado de trabalho é o investimento em sua capacitação. Alexandre dos Reis, diretor executivo de Operações, destaca que apostar no potencial dessa mão de obra é um fator de aumento de produtividade para as indústrias.
“No Brasil, a aprendizagem ainda não é entendida dessa forma, o que gera uma grande dificuldade para a empregabilidade desses profissionais. O investimento em educação não deve ser visto como uma despesa operacional”, afirmou.
Reis destacou a atuação do SESI e do SENAI na a formação de trabalhadores qualificados para a indústria. O SESI Matemática e o FabLab foram algumas das iniciativas citadas: “Só as melhores práticas é que vão possibilitar a evolução educacional. É justamente de políticas públicas estruturantes que precisamos, porque o Brasil enfrenta um problema de produtividade, que tem entre suas causas as deficiências em educação”.
Experiência internacional
No Brasil, um quarto das pessoas com menos de 25 anos, economicamente ativas, não estão no mercado de trabalho; mas o desemprego entre os jovens é um problema global. Na Europa, apesar de esse índice cair para 20%, a situação também é preocupante.
Para promover a capacitação desses futuros profissionais, a Observatoire Social International (OSI), em parceria com a Engie, criou o Alliance For Youth. O programa internacional reúne diversas empresas que aceitaram o desafio de treinar a mão de obra jovem e inseri-la no mercado. Só nos últimos dois anos, a plataforma gerou mais de 100 mil empregos na Europa.
“Capacitar a nova geração é fundamental para as sociedades e uma questão de sustentabilidade e responsabilidade social, porque dela sairão nossos futuros especialistas, técnicos e profissionais”, destacou Muriel Morin, CEO da OSI França. Ela ressaltou ainda que as economias que investiram em programas de aprendizes foram as que reduziram mais drasticamente o problema do desemprego.
Na Europa, a Alliance For Youth é liderada pela Nestlé, que já replica o programa no Brasil desde 2015, e deve convidar outras companhias para participar da plataforma. A iniciativa envolve a avaliação de desempenho dos aprendizes, treinamentos para aprimoramento comportamental e técnico e a capacitação de gestores para que tenham melhor interação e relacionamento com esses profissionais.
Segundo Gilberto Rigolon, gerente de Talentos, Desenvolvimento e Treinamento da Nestlé, o programa deve gerar mais de 7 mil oportunidades até 2017: “Sabemos dos gargalos no ensino público de educação básica, mas isso é mais uma motivação para ter programas de qualificação”.
Para Pedro Werneck, fundador do Instituto da Criança, a inserção da juventude no mercado é um desafio complexo que demanda a cooperação entre diversos atores. “Devemos estruturar uma rede que envolva os programas institucionais e políticas públicas para trazer soluções”, disse.
Fonte: FIRJAN