ENERGIA RENOVÁVEL DE ISRAEL PARA O BRASIL

Israel tem cerca de metade do território e da população do estado do Rio de Janeiro. Pelos mesmos parâmetros, o país tem 0,2% do território e 4% da população do Brasil. Entretanto, o pequeno país do Oriente Médio é um dos que mais investem em inovação no mundo. E, devido à escassez de recursos naturais em seu território, seu principal foco em pesquisa e desenvolvimento (P&D) envolve água, energias renováveis e reaproveitamento de resíduos sólidos para a geração de energia elétrica. Não à toa, Israel lidera o Global Cleantech Innovation Index, índice do Cleantech Group e da World Wildlife Foundation (WWF) que examinou dados de 40 países e comparou sua inovação em energia renovável, tecnologia de água e outras tecnologias ambientais.

Com essa experiência, somada à crescente busca do Brasil por fontes alternativas de energia e eficiência energética, as empresas israelenses querem estreitar as relações comerciais com companhias brasileiras. E um dos mais recentes passos para isso foi a promoção, pela Missão Econômica de Israel no Rio de Janeiro, do seminário “Cleantech Israelense: Inovações, Oportunidades e Soluções para o Brasil”, que reuniu cerca de 90 empresários brasileiros e israelenses no auditório da Firjan, no Rio. A mesa de palestrantes contou com Maria Paula Martins, coordenadora do programa Rio Capital da Energia; Israel Klabin, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; Artur Yabe Milanez, gerente do Departamento de Biocombustíveis do BNDES; e Noam Ilan, responsável pela Eilat-Eilot Renewable Energy Conference de Israel.

De acordo com Daniel Kolbar, cônsul para Assuntos Econômicos da Embaixada de Israel, há várias possibilidades de parceria entre companhias israelenses e brasileiras na busca por inovação e tecnologias limpas. Entre as possibilidades, Kolbar destaca o uso da água. “Mais de 80% da água consumida em Israel são de reuso, incluindo água usada na indústria, na agricultura, nas residências. Nenhum outro país do mundo tem esse percentual de reaproveitamento de água. Devido à escassez de recursos naturais em Israel, temos de cuidar para não perdermos água, inclusive na distribuição. No Brasil, de 40% a 60% da água estão sendo perdidos no caminho entre a fonte e o consumidor”, diz, ressaltando ainda que Israel tem de dessalinizar água do mar para suprir suas necessidades.

Mas as tecnologias de reúso da água são apenas uma parte da possibilidade de negócios entre os dois países. Além das tecnologias já conhecidas para aproveitamento de energia eólica, solar – a BrightSource Energy, de Israel, é responsável pela usina termossolar de Ivanpah, de 377 megawatts, na Califórnia, uma das maiores do mundo – e biomassa, Kolbar destaca o tratamento de resíduos sólidos. Pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), implantada no final de 2010, os municípios brasileiros tinham até agosto passado para extinguir lixões e implantar aterros controlados. Contudo, nem todas as cidades do país conseguiram atingir essa meta. “Ainda há 2.500 lixões no Brasil. E nós temos diversos centros de tratamento de lixo, temos tecnologia para separação de resíduos por tipo, e não seleção manual. Isso pode ser uma oportunidade”, frisa Kolbar.

Para aproximar ainda mais os empresários dos dois países, a Missão Econômica de Israel no Rio de Janeiro pretende organizar uma missão de brasileiros a Israel no início de dezembro, quando será promovida naquele país a Energy Week. Serão diversos eventos na área de energia, como a Electricity 2014 International Convention & Trade Show, em Telaviv, e a 6ª Annual Eilat-Eilot Sustainable Energy Conference, em Eilat. Ao mesmo tempo, Kolbar conta que está em estudo a vinda de uma missão empresarial israelense ao Brasil em 2015.

Há um exemplo de parceria entre uma empresa israelense e uma brasileira no Rio Capital da Energia. A AMRTech, provedora de alta tecnologia e serviços diferenciados que atua no mercado de telemetria nos nichos de água, eletricidade, gás, eficiência energética e automação industrial, é sediada no Rio de Janeiro e possui núcleos de P&D em Israel. A empresa foi contratada pela Ampla para fornecer soluções de telemetria para o projeto Cidade Inteligente Búzios.

Parceria governo-empresa-universidade

Kolbar frisa que um dos segredos para o sucesso israelense na área de inovação e tecnologias limpas é a parceria entre o governo, as empresas e as universidades do país. Nesses casos, o governo israelense participa com até 50% do valor do projeto, que deve ter origem no meio acadêmico do país e ser capitaneado por alguma empresa já estabelecida ou startup.

“O incentivo governamental no desenvolvimento de tecnologias é muito importante. Inovação é um risco. O empreendedor precisa dividir esse risco. Israel é um dos países que mais investe em P&D no mundo. Em qualquer situação, se o governo compartilhar os riscos, isso vai criar muitas startups e muita inovação. Há ainda as instituições acadêmicas, que são muito representativas. Elas, aliás, são a base. A inovação não é gerada somente por dinheiro, são pessoas que a fazem. Então, tudo começa com um nível alto de ensino, um nível alto de pesquisa, nas universidades. Elas transferem esse conhecimento, essa tecnologia, para a indústria. Temos uma academia muito avançada e um processo de transferência de tecnologia da academia para o mercado. Existe em Israel essa natureza de empreendedorismo.”


Fonte -Fonte: Rio Capital de Energia

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