EMPRESAS INVESTEM EM CERTIFICAÇÃO VERDE

Cresce o número de empreendimentos que buscam o Leadership in Energy and Enviromental Design (LEED). Atualmente, são 99 empreendimentos certificados

Consumidores exigentes buscam cada vez mais construções sustentáveis, o que faz com que aumente o numero de empreendimentos, seja privado ou público, como estádios de futebol, escritórios e até igrejas, que estão na busca de certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED). Atualmente, no Brasil, são 99 empreendimentos certificados e 720 registrados em busca da certificação.

Quem lidera o setor em plena expansão é a cidade de Curitiba, com 48,3% dos empreendimentos comerciais e corporativos lançados nos dois últimos anos em busca do selo ver de. Em seguida está São Paulo, com 47,2% dos lançamentos, e o Rio, com 40,8% dos empreendimentos em processo de certificação. Por aqui, 134 empreendimentos estão registrados e, entre estes, 12 certificados.

De acordo com a coordenadora técnica da GBC Brasil (Green Building Council), Maria Carolina Fujihara, esse ‘boom’ na busca pela certificação que já é usada em mais de 140 países é uma tendência do mercado. Para receber o selo, o empreendimento deve cumprir requisitos visando à diminuição dos impactos ambientais como uso racional de água, eficiência energética, espaço sustentável, qualidade ambiental interna, materiais, recursos, inovações e tecnologias. “O mercado da construção civil sustentável está em alta e apenas dois estados da Federação, Acre e Tocantins, que ainda não aderiram a esse conceito”, frisa.

Segundo dados da GBC Brasil, organização não governa mental em operação desde 2007, que visa fomentar a indústria de construção sustentável no Brasil por meio de sua atuação junto ao governo e à sociedade civil, o País se destaca no cenário mundial e está em quarto lugar na busca pela certificação, atrás apenas de Estados Unidos, China e Emirados Árabes.

Apesar dos empreendimentos “verdes” custarem de 1% a 7% mais que um empreendimento comum, o gasto operacional é reduzido de 8% a 9% e a valorização aumenta de 10% a 20% no preço de venda. Para Fujihara, a adoção de medidas como torneiras “inteligentes”, descargas de duplo acionamento e reaproveitamento da água da chuva diminuem o consumo de água e, consequentemente, o custo operacional.

A certificação também proporciona redução de 30% no consumo de energia, de 80% dos resíduos sólidos e de até 35% nas emissões de gases de efeito estufa. “A construção civil é responsável pelo consumo de 21% de toda a água tratada do planeta, enquanto empreendimentos que conquistam o selo LEED podem reduzir o consumo de água em até 50%”, afirma a técnica.

Ela ressalta ainda que além de oferecer conforto e bem-estar aos ocupantes, os empreendimentos sustentáveis proporcionam aumento da produtividade dos funcionários, já que um edifício nesses moldes prioriza aspectos como a boa iluminação natural, produtos sem teor de compostos orgânicos voláteis (que podem ocasionar cheiro forte) e controle de qualidade do ar.

A expectativa é que até o final de 2013 sejam 900 empreendimentos registrados e 120 certificados solicitados. De acordo com Fijihara, cerca de 45% das solicitações vêm de escritórios e empreendimentos comerciais, mas a certificação tem sido procurada por indústrias, estádios, fábricas, shoppings, bancos, hotéis, escolas, museus e hospitais.

A coordenadora destacou os empreendimentos sustentáveis e certificados do Rio de Janeiro citando a loja da rede Starbucks, no Rio Sul e duas torres da Ventura Corporate Towers. Entre os que buscam a certificação estão o Maracanã, o Museu de Arte do Rio (MAR), o Colégio Estadual Erich Walter Heine, o Shopping Metropolitano, a Biblioteca Publica Estadual do Rio e o Grand Hyatt Rio de Janeiro.

Ela explicou ainda que o processo de certificação se dá desde o início do projeto até o fim da obra e que o prazo para se obter o LEED pode demorar seis meses.” E feita uma auditoria no processo para ver se tudo está seguindo as normas de exigências da Green Building Coundil Brasil e só a partir daí, o documento é liberado”, ressalta.

Fujihara destaca também o Qualiverde, resolução lançada em 2012 pela Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), que dá descontos no Imposto Sobre Serviço (ISS), Sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITB) e no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Para obter o Qualiverde, é preciso ter dispositivos economizadores, sistema de reuso de águas servidas, medidores individuais, sistema de reuso de águas negras, aproveitamento de águas pluviais, ampliação de áreas permeáveis além do exigido por lei, eficiência energética e desempenho térmico.

Água:

Para o consultor de meio ambiente Alessandro Azzoni, construção sustentável é uma tendência que deve ser incorporada futuramente, ao dia a dia dos brasileiros, já que está associada às exigências do mercado com o retorno financeiro. Azzoni destaca a água como o grande vilão dos grandes empreendimentos. “A maioria das pessoas ainda não está preocupada com o meio ambiente e sim, com a economia que ações como essas, podem trazer” – critica.

O consultor considera o número de empreendimentos ditos “verdes”, ainda baixo se comparando com a exploração imobiliária atual. Segundo ele, no ramo industrial os investimentos são mais significativos devido ao custo-benefício, mas nas construções de menor porte, adaptar ou construir se torna mais custoso.

“Os empreendimentos verdes devem beneficiar também tudo o que está ao redor, e um exemplo, são os terraços verdes, que já passam a compor as grandes metrópoles. Essas ilhas verdes são importantes para reduzir as ondas de calor de um prédio, reduzindo o aquecimento em até 40%”, destaca ele, frisando que o certificado é uma garantia para o consumidor de que o empreendimento está correto e seguindo as normativas ambientais.

Já a consultora de sustentabilidade, Rosana Corrêa, garante que é uma necessidade do mercado. Para ela, a cobrança do consumidor é maior e as em presas públicas e privadas estão apenas se adaptando a tais exigências. “Em 2005 dávamos palestras sobre a importância do tema. Fazíamos um trabalho comercial. Hoje em dia, as empresas é que nos procuram. Inclusive as que nos deram às costas naquele momento”, disse.

Corrêa garante que a procura por esse tipo de empreendimento é boa no País, e o Brasil já é o quarto país do mundo nesse tipo de construção. Ela frisou que no Rio de Janeiro essas obras são impulsionadas pelos grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíada. “Existem até incentivos econômicos para quem quer empreender”, ressalta.


Fonte -Fonte: Jornal do Commercio / Wanilson Oliveira

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