Em qualquer construção civil, seja ela uma casa, hospital ou prédio empresarial, faz-se necessária a existência de um piso, de paredes, de uma tubulação e de um telhado. O EcoD mostra que, para construir, todos esses elementos básicos podem ser sustentáveis.
Concreto Verde
Pesquisadores da USP começaram a produzir um concreto sustentável que é mais resistente do que o cimento tradicional. O cimento, que é a base do concreto, foi diminuído da fórmula para que um aditivo superplastificante pudesse ser colocado. Composto por policarboxílicos, o aditivo cobre “os vazios dentro do concreto”, explicou Tobias Pereira, autor do estudo.
“O aditivo cria repulsão entre as partículas de cimento e é como se você tivesse mais cimento reagindo, o que torna o concreto mais fluido. Como ele é fluido, apenas seu peso já é suficiente para moldá-lo”, explicou Pereira, esclarecendo que é no processo de fabricação do produto que esses flocos vazios aparecem.
O pesquisador, que lembrou que a criação do concreto já havia sido apontada em 2008, afirmou ainda que por usar menos cimento, o concreto contribui para o meio ambiente, diminuindo a emissão de CO2 para a atmosfera. Na indústria do concreto, 90% do gás carbônico emitido vêm da fabricação do cimento.
O concreto verde, além de emitir menos dióxido de carbono, é mais resistente porque, ao ocupar os espaços vazios, ele se torna mais consistente e pesado, demorando mais inclusive para ser substituído. Por isso que o concreto ecologicamente correto tem uma utilidade importante também para o mercado.
“O novo concreto é de alta resistência e ainda usa menos cimento que o tradicional. Ele é bem competitivo porque em obras de maior dimensão, como edifícios altos, pontes e viadutos, podem ser usadas peças menores e se economiza nas dimensões de pilares e outras estruturas de sustentação”, afirmou o engenheiro.
Piso reciclado
Além das paredes e do concreto, para se criar uma casa é preciso primeiramente um piso. Como solução de piso sustentável, a Locaville, empresa que vende equipamentos para pisos industriais, desenvolveu uma fibra reciclada a partir do aço. Essa tecnologia, chamada de EcoFibra, é usada na mistura de concreto aplicado aos pisos.
Dessa maneira, a indústria do aço que emite 1,46 toneladas de CO2 para cada tonelada de aço produzido, não terá mais de fabricar tanto material. O setor de construção civil no país consome mais de 30% na produção nacional do minério.
A Locaville compra as chapas de aço descartadas pela indústria e a submete a um processo que torna o aço até mais eficiente e com maior aderência ao concreto do que o tradicional.
Tubulação verde
Durante a construção de uma casa é necessária uma tubulação que canalize a água até o esgoto. Mas como tornar o PVC, principal componente dos tubos e conexões, uma ferramenta sustentável no interior da casa? A Braskem, empresa brasileira de fios e cabos, desenvolveu um plástico verde extraído de etanol de cana-de-açúcar para suprir essa demanda ecológica.
O plástico criado é feito 100% de fontes renováveis, diferente do tradicional polietileno, de origem fóssil. O projeto da companhia, lançado em 2007, inaugurou sua primeira planta de Eteno Verde em 2010 no Rio Grande do Sul (Triunfo) e hoje já é considerado líder na produção desses biopolímeros.
Para cada tonelada de polietileno verde produzido (e a estimativa é de que se fabrica 200 mil toneladas deles por ano) são capturados e fixados até 2,5 toneladas de CO2 na atmosfera, segundo informações da empresa que gastou cerca de R$ 500 milhões na implementação da planta. Em 2012, a Braskem deve instalar ainda uma segunda planta do plástico verde, agora no Nordeste brasileiro, em Alagoas.
Telhados verdes
A técnica dos telhados verdes já é praticada em grandes cidades e empresas por todo Brasil. A empresa Ecotelhado, uma das pioneira na instalação dos telhados vivos, tem trabalhado bastante na implantação da tecnologia em casas, empresariais e outros edificios.
Porém, desde 2010 os hospitais começaram a investir na tecnologia, visando uma melhor qualidade e temperatura do ar nas redondezas e mesmo dentro de clínicas.
Dentre os primeiros a receberem a tecnologia estão o Hospital Parque Belém, em Porto Alegre, e o Hospital da Zona Sul, em São Paulo. Segundo informações dos próprios estabelecimentos médicos, uma melhoria na eficiência energética do local, na inserção harmônica e no conforto térmico foram sentidos dentro e pelo entorno dos lugares.
Além de estimular a biodiversidade nos locais onde são colocados, ” os telhados verdes beneficiam bastante na recuperação de pacientes”, afirmou o diretor da Ecotelhado, João Feijó ao portal da revista Fator Brasil.
Fonte -Fonte: Revista Fator Brasil