CONSTRUÇÃO CIVIL: DESAFIOS 2020 – SISTEMA FIRJAN MAPEIA GARGALOS E APRESENTA SOLUÇÕES PARA AUMENTAR A COMPETITIVIDADE

Fruto de grande esforço conjunto, o estudo “Construção Civil: Desafios 2020”, produzido pelo Sistema FIRJAN em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e lideranças empresariais e acadêmicas, apresenta um extenso diagnóstico dos principais problemas do setor. Com base nas análises realizadas, foram identificados cinco grandes desafios: a intensificação do emprego de práticas modernas de gestão; a incorporação de novas tecnologias ao sistema produtivo; a capacitação da mão de obra em todos os níveis; maior atratividade para a carreira da construção; e a mitigação de deficiências no ensino formal. Para cada um dos desafios listados, o estudo também apontou linhas de ação, validadas por empresários e representantes sindicais, que abrangem desde um plano de inovação tecnológica até uma campanha de valorização dos profissionais do setor.

Após uma grande pesquisa de campo, workshop e painéis com especialistas, o trabalho propõe linhas de ação para a resolução das dificuldades apontadas até 2020. “A indústria da construção civil é um dos setores mais importantes para a economia. E as transformações pelas quais esse segmento vem passando exigem um bom planejamento. Isso quer dizer que precisamos identificar as necessidades e oportunidades do setor a médio e longo prazos. Para isso, estamos sempre buscando entender os desafios em termos de inovação, tecnologias, mão de obra e organização do trabalho”, explica Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente do Sistema FIRJAN.

Na primeira etapa do trabalho, um estudo sobre as tendências tecnológicas do setor foi realizado com o objetivo de identificar as principais vertentes que influenciarão a competitividade do segmento nos próximos 10 anos. Com o auxílio de um painel que contou com a participação de 22 especialistas, foram identificadas 261 tecnologias. A Building Information Modeling (BIM), representação digital das características físicas e funcionais de uma instalação, foi apontada como a ferramenta com maior perspectiva de difusão nos próximos anos.

Os resultados sustentarão a elaboração de estratégias competitivas para empresas, orientarão a formulação de políticas industriais e podem auxiliar bancos e instituições de fomento a embasar escolhas de investimentos.

Foi realizado um amplo levantamento de estudos relacionados à indústria da construção civil, publicados no Brasil e no exterior. Os consultores contratados construíram um quadro com a evolução recente, a situação atual e as perspectivas do segmento sob as óticas conjuntural e estrutural.

Por meio de uma pesquisa de campo, o levantamento também reuniu a avaliação de empresários, especialistas e fornecedores sobre a situação atual e os gargalos que impedem o desenvolvimento da indústria. As 159 entrevistas presenciais revelaram diferentes visões sobre o estágio de desenvolvimento tecnológico, fatores relevantes para a competitividade e produtividade, bem como a necessidade de treinamento, capacitação e certificação de pessoas.

De acordo com Roberto da Cunha, um dos autores do estudo, os principais desafios da indústria da construção civil envolvem questões estruturais relacionadas ao cenário econômico brasileiro. “São necessárias mudanças que permitam o aumento da produtividade. Precisamos investir na industrialização, no desenvolvimento da base tecnológica e na diminuição do custo da mão de obra. Os problemas enfrentados pelo setor são estruturais e não conjunturais”, afirma Cunha, que é supervisor técnico do Centro de Referência da Construção Civil do SENAI Tijuca.

Tecnologia e mão de obra:

Com relação ao mercado de trabalho, o documento conclui que a dificuldade para encontrar profissionais para o setor é um problema presente em todos os países desenvolvidos ou em desenvolvimento. As causas costumam ser as mesmas e se apresentam ora como boas notícias (aumento do nível de escolaridade, crescimento do setor e aumento da oferta de empregos), ora como sinais de alerta (envelhecimento progressivo dos trabalhadores, baixas taxas de reposição e aumento dos rendimentos desvinculados de ganhos de produtividade, entre outros).

Outro ponto negativo identificado é a baixa atratividade histórica e mundial do setor. O trabalho na área de construção civil ainda é visto como de menor importância e de baixo status social – ponto que será abordado nas ações do Sistema FIRJAN.

Sobre tecnologias, o estudo constata que o principal desafio não está em acessá-las, mas sim em incorporá-las ao sistema produtivo das empresas construtoras. As tecnologias avaliadas como mais importantes pelos empresários estão relacionadas ao planejamento de logística e suprimentos, ao gerenciamento de designe à gestão da produtividade. Os entrevistados avaliaram o grau de desenvolvimento tecnológico do setor como intermediário, com leve viés para atrasado, sinalizando a percepção de que existem gargalos a serem superados no Brasil.

De acordo com o estudo, o problema da baixa produtividade na indústria da construção civil só será solucionado com investimentos conjuntos em mão de obra, organização da produção e tecnologia. A intensificação de ações do poder público para estabelecer um ambiente favorável à industrialização do setor, com especial atenção a questões tributárias e de padronização, é outro fator relevante para o avanço do setor.

Para João Manuel Martins Fernandes, presidente da Cofix Construções e Empreendimentos, o estudo auxiliará as empresas a tornar a indústria da construção civil mais competitiva. “No Brasil, muitos empreendimentos poderiam ser feitos de maneira mais simples. Ainda construímos muitas coisas de modo quase artesanal, o que torna a obra mais complexa e custosa. Com estudos como esse, o Sistema FIRJAN orienta as empresas sobre como baixar custos e aumentar a produtividade”, constata o empresário.

Na avaliação de Roberto Kauffmann, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), o estudo oferece um diagnóstico valioso e aponta caminhos no sentido de aumentar a produtividade e a competitividade do setor. “O comprometimento de cada um na implantação das ações propostas determinará o grau de sucesso que alcançaremos até 2020. Temos consciência da magnitude dos desafios, mas acreditamos que a mudança do setor começa justamente com esse compromisso que estamos assumindo”, diz Kauffmann, que também preside o Conselho Empresarial da Indústria da Construção do Sistema FIRJAN.

Acesse o estudo no site www.firjan.org.br/construcaocivil.

Federação apresenta soluções para desafios apontados:
Em resposta aos gargalos apontados pelo estudo “Construção Civil: Desafios 2020”, o Sistema FIRJAN prepara um portfólio de ações em parceria com as principais instituições do setor. O primeiro desdobramento é o Plano Integrado de Inovação, que visa difundir práticas inovadoras e facilitar o acesso a novas tecnologias.

“Várias frentes de ação foram e estão sendo criadas pelo Sistema FIRJAN para o fortalecimento competitivo da área de construção civil. Uma delas é o Plano Integrado de Inovação, que estabelece linhas de ação para, de forma integrada, contribuir para promover o desenvolvimento desse segmento”, explica Bruno Gomes, diretor de Inovação do Sistema FIRJAN.

O plano está estruturado em três linhas de atuação: Inovação estratégica; Projetos e fomento; e Serviços. Para cada uma, com base nas necessidades identificadas e a partir da perspectiva de impacto indicada por empresários do setor, foram elaboradas diferentes ações. “A iniciativa é muito importante. Para chegar aos resultados, a FIRJAN fez um belo trabalho, promovendo uma discussão ampla e bastante profunda sobre as tendências do setor”, afirma Laura Marcellini, diretora técnica da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).

Outras ações:

Em fase final de elaboração, o Programa de Formação Complementar suprirá lacunas, apontadas por empresários, referentes às formações teórica e prática de alunos de graduação dos cursos de engenharia e arquitetura. Para tanto, o SENAI oferecerá módulos de capacitação em temas como Gestão da Produtividade e BIM, entre outros. Com o objetivo de oferecer experiência prática aos alunos, serão promovidas visitas orientadas a canteiros de obras e programa de estágio, em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). “Aceleraremos o processo de integração entre a formação acadêmica de engenheiros e arquitetos e as principais necessidades da cadeia produtiva da construção civil”, explica Andréia Arpon, especialista em Desenvolvimento Econômico do Sistema FIRJAN.

Para atrair novos profissionais, foi elaborada uma campanha de marketing, com lançamento previsto para o segundo semestre, com o objetivo de valorizar os profissionais que trabalham nesse segmento. Outro desafio apontado pelo estudo está sendo solucionado pelo Programa SESI Matemática, que contribui para a redução de deficiências na aprendizagem da disciplina entre alunos do ensino médio. “É imprescindível para o avanço tecnológico do setor que seus profissionais tenham uma boa formação matemática”, constata.


Fonte -Fonte: Sinduscon-Rio

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