A presença de Cingapura no mercado de óleo e gás brasileiro já se tornou um fato há alguns anos, com o avanço de estaleiros, como o Keppel Fels, que já opera a todo vapor em Angra dos Reis (RJ), e com o Jurong, que já conta com grandes contratos e caminha para chegar ao mesmo patamar em poucos anos. Ainda assim, o governo do pequeno país mais ao sul do continente asiático tem planos contínuos para a atuação de suas empresas no Brasil, com quem a relação gerou mais de R$ 10,3 bilhões em trocas comerciais no ano passado. Depois do estabelecimento dos estaleiros, a diretora da Agência comercial do governo de Cingapura na América do Sul, Valenrina Soo, explica que agora o foco passará aos setores de engenharia e equipamentos. Neste caminho, a executiva conta que já há empresas buscando parceiros locais para estabelecer novas relações, além de companhias que buscam áreas para a possível instalação de fábricas.
Como Cingapura vê o mercado de óleo e gás brasileiro e quais são os interesses de vocês no país?
Abrimos um escritório em São Paulo em 2005, e desde então óleo e gás foi o nosso principal foco nas relações comerciais. Começamos pensando mais nos estaleiros, e hoje temos alguns instalados aqui, como Keppel e Jurong; depois passamos para embarcações de apoio, como as de acomodações, etc; e agora estamos seguindo para serviços de engenharia e engenharia de produtos para o setor.
Que tipo de serviços?
Temos muitos tipos de serviços, mas posso citar algumas coisas como sistemas hidráulicos, equipamentos de proteção a incêndio, entre outras.
Em que tipos de projetos querem participar?
Nossas empresas estão olhando para diferentes oportunidades. Algumas procuram áreas para instalar fábricas. Algumas procuram parceiros, para distribuição, manutenção e reparo, entre outras coisas.
A parte de engenharia, de projetos, também?
Temos exemplos como o Jurong, que traz engenheiros, realiza treinamentos aqui, traz novos conhecimentos. Então há estaleiros e empresas que trazem engenheiros, mas também procuram pessoal local para ajudar nesse sentido.
Qual é o foco maior?
É a área de upstream, mais em exploração e produção.
Mas o dowstream também interessa?
Alguns produtos podem ser utilizados tanto no upstream, quanto no downstream. E também temos empresas na área downstream, mas estamos focando mais no upstream.
Como foi a primeira participação de vocês na Rio Oil & Gas?
Começamos a olhar ao óleo e gás há muito tempo, e chegou o momento em que nossa presença seria importante. A feira foi importante para mostrar nossa posição aqui.
Como estão vendo o momento do mercado brasileiro?
As coisas estão um pouco mais lentas este ano, a Petrobrás reduziu um pouco a marcha de alguns projetos, houve alguns problemas assim, mas, colocando isso de lado, vemos que o Brasil ainda tem reservas enormes, ainda será um dos maiores produtores do mundo, então há muitas perspectivas. Ainda vemos um grande potencial à longo prazo.
Quais são as metas?
Como agência de governo, tentamos promover negócios para as empresas, mostrar os potenciais, ajudar empresas a se instalarem aqui, a se estabelecerem e conseguirem vender seus produtos e serviços. Esta é a meta.
Como Cingapura vê a política de conteúdo local brasileira?
Acho que é algo que o Brasil quer ter, porque quer aprender, ganhar conhecimento, tecnologias, então não é um problema para nossas empresas. Você vê a Keppel e a Jurong, que se estabeleceram aqui, e agora estão trabalhando junto com o governo para crescer e trazer conhecimento e tecnologia. Eles viram a importância de entrar aqui e produzir aqui.
Quanto a relação do Brasil com Cingapura representou nos últimos anos no setor de óleo e gás?
A área de óleo e gás representou, em 2013, 1,1 bilhão de dólares cingapurianos (cerca de R$ 2,067 bilhões) para os dois países, sendo 5,5 bilhões o total (cerca de R$ 10,338 bilhões), de todas as áreas.
Tem alguma previsão para este ano?
Ainda não temos esse número, mas está crescendo. Esses números vêm crescendo nos últimos 10 anos. A média de crescimento acumulado, neste ano, está em cerca de 4,5%, então acho que continuará subindo.
Fonte -Fonte: Petronotícias / Daniel Fraiha