APÓS MEDIDAS, CNI REDUZ PROJEÇÃO PARA O SETOR

Dias após a divulgação das novas medidas de estímulo ao setor industrial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê que o setor deve crescer menos neste ano. De acordo com o boletim trimestral “Informe Conjuntural”, divulgado ontem, a estimativa para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) industrial caiu para 2%, dos 2,3%, esperados pela entidade na publicação do fim do ano passado. A previsão da CNI para crescimento do PIB nacional foi mantida em 3%.

O gerente de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco, explicou que “a revisão para baixo se deve ao desempenho ruim da indústria no primeiro trimestre do ano”. Ele afirmou ainda que a estimativa de 2% para a indústria mostra “uma recuperação não tão fraca da produção industrial”. Ele acredita em recuperação, ao longo do ano.

As medidas de estímulo ao setor incluíram: a troca de impostos sobre folha de pagamento por um tributo sobre o faturamento, um novo regime para o setor automotivo e mudanças no financiamento às exportações.

A CNI avalia que a indústria ficou “praticamente estagnada” no ano passado e que o cenário pouco mudará neste ano, quando o crescimento da indústria de transformação deve ficar em 1,5% – menos do que a própria CNI previa, no fim do ano passado, quando a projeção de expansão do setor foi de 1,8%. “A indústria de transformação é a parte da economia mais exposta à concorrência internacional, principalmente com os produtos asiáticos”, ressaltou Castelo Branco, lembrando o menor custo de trabalho, de insumos e de capital na Ásia, além de “crescimento de produtividade mais forte”.

Os efeitos das medidas de incentivo à indústria são insuficientes para melhorar o cenário porque se manifestam com “defasagem”, segundo a CNI. A desoneração da folha de pagamento, anunciada para 15 setores, só terá efeito no segundo semestre, já que a medida entra em vigor em agosto, avalia Castelo Branco.

O texto do “Informe Conjuntural” da CNI reconhece que o Brasil Maior traz “medidas emergenciais e necessárias” contra os efeitos negativos da crise mundial, mas cobra uma estratégia de longo prazo capaz respostas estruturais, de alcance mais amplo, à falta de competitividade da indústria. Além de estimular a poupança para financiar o investimento, o governo deveria adotar medidas de redução do custo da energia, melhoria da logística e na tributação, indica a CNI.

Sem essa mudança, com a retração econômica nos países desenvolvidos, “as dificuldades de competição da indústria brasileira permanecerão limitando a expansão da indústria e da economia”.

A CNI calcula que o consumo das famílias brasileiras crescerá 4% neste ano. Mas, segundo Castelo Branco, “o consumo tem vazado para o exterior na forma de mais importações”. A CNI reduziu sua projeção de inflação, medida pelo IPCA, de 5,2% para 5%. O investimento, por outro lado, deve crescer 5,6% no ano, acima dos 5% previstos anteriormente para a formação bruta de capital fixo em 2012, graças, segundo Castelo Branco, à maior disponibilidade de recursos, principalmente pelo BNDES, e da queda nas taxas de juros.


Fonte – Fonte: Valor Econômico / Thiago Resende e Lucas Marchesini

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