A TECNOLOGIA A FAVOR DA SUSTENTABILIDADE

Empresas desenvolvem soluções para minimizar o desperdício de água e de energia.
Em um mundo tão tecnológico, e cada vez mais preocupado com a escassez de recursos, é natural que a automação se torne uma aliada da sustentabilidade. Sensores de consumo individuais nas torneiras, chuveiro que reaproveita a água do banho, filtro automatizado para a piscina, uso da luz solar para aquecimento ou para a conversão de energia são exemplos de sistemas já desenvolvidos. Se antes tais mecanismos eram realidades distantes, hoje, estão cada vez mais próximos do consumidor final.

No Ilha Pura, um empreendimento de sete condomínios que está sendo construído na Zona Oeste, por exemplo, haverá uma estação para tratar a água consumida nos apartamentos, que depois será usada para irrigar a área verde, assim como para dar a descarga nos vasos sanitários das 3.604 unidades. Segundo Maurício Lopes, diretor-geral do complexo, esse modelo já é usado em alguns segmentos da indústria, mas ainda é novo para residências.

— Quando todos os condomínios estiverem funcionando, a expectativa é de economizar entre 30% e 40% de água, na comparação com métodos tradicionais — aposta Lopes.

Entre os outros sistemas que se apoiam na inovação para otimizar recursos no Ilha Pura estão os telhados verdes, que reduzem o calor, e a instalação de elevadores inteligentes, que economizam até 60% da energia.

Outro empreendimento que usa tecnologia a favor da sustentabilidade é o Riserva Golf, da RJZ Cyrela, que implementou um sistema de reaproveitamento de água da chuva e de irrigação automatizada — que diminui o custo de manutenção e o desperdício. E tem ainda o uso de uma película especial nos vidros da fachada, desenvolvida para filtrar a radiação solar, permitindo, assim, maior entrada de luz e pouco calor.

É para a sua casa também
Optar pela iluminação natural é uma forma eficiente de minimizar os custos de energia, mas há também outra maneira de usar o sol a seu favor: as placas fotovoltaicas, que absorvem o calor e o convertem em energia. Felipe Faria, diretor executivo da Green Building Council Brasil (GBC) — organização responsável por conferir selos de certificação a construções sustentáveis no país —, explica que a tendência é que seu uso se popularize, e o preço se torne mais acessível.
Segundo Faria, embora muitas dessas tecnologias tenham um custo elevado, é possível, sim, encontrar soluções economicamente mais viáveis.

— O morador pode fazer intervenções simples em casa, como colocar válvulas de vazão nas torneiras e no chuveiro, que permitem saber o consumo de cada peça. Assim, se houver um vazamento, elas logo informarão, o que possibilitará que se evite o desperdício. Outra solução é instalar o vaso sanitário que tem dois acionamentos de descarga, com quantidades de águas diferentes. Na automação, você conecta tudo e consegue acompanhar o uso e excessos em sua casa — afirma.

Foi o que aconteceu com Pedro Ricardo Paulino, da Wateair, empresa especializada no uso da água, que desenvolveu um chuveiro que evita o desperdício, separando os resíduos, como sabão e urina, a cada ciclo. Foram nove protótipos até chegar ao formato final, o “Showeair”. A economia na conta pode chegar a 90%. A energia também é poupada, visto que o que cai do chuveiro já vem com uma leitura de temperatura — com isso, ocorre apenas uma leve correção, consumindo menos energia.

Nesse chuveiro, a primeira quantidade de água vem como em uma ducha normal. A diferença é que, depois disso, ela é absorvida por uma caixa embaixo do ralo. Dentro desse compartimento há sistemas eletrônicos que a purificam. Com isso, o líquido sobe limpo e desce novamente sobre o morador. E isso pode ser feito várias vezes.

— Não há limite para essa filtragem. A pessoa pode tomar banho por horas utilizando a mesma água, que estará livre de resíduos orgânicos e sabão. No final, ela é pressurizada e pode ser reaproveitada em descargas de vasos sanitários e mictórios.
Outra opção de chuveiro inteligente — neste caso, para áreas externas — é ter um compartimento que reserva a água (como se fosse uma caixa em torno do cano) e a deixa ser aquecida pelo sol. Arthur Mattos, diretor comercial da Filtra Bem, explica que o líquido guardado fica quente e, quando a torneira é aberta, mistura-se com a água fria. Dessa forma, economiza-se energia. Trinta litros podem render 10 duchas rápidas, diz.

Também para a área da piscina, existe iluminação em LED, que dura mais e consome menos que os modelos incandescentes ou florescentes, filtro automatizado e um sistema de placas que mantém a água aquecida sem usar gás.

Paralelamente ao que pode ser levado para dentro de casa, empresas ao redor do mundo também investem em meios para aperfeiçoar os métodos construtivos. A fabricação de casas em 3D é um exemplo disso. As técnicas para aprimorar as estruturas metálicas e as unidades modulares para residências também inovam constantemente a construção civil.


Fonte -Fonte: O Globo

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