SMART GRID: IMPLANTAÇÃO EM GRANDE ESCALA SÓ DEVE OCORRER A PARTIR DE 2016

A implantação em grande escala de redes inteligentes no Brasil deve acontecer de fato a partir de 2016, com as definições legais e a regulamentação do tema. A primeira etapa do projeto estratégico de pesquisa e desenvolvimento que envolve 33 distribuidoras e quatro geradoras de energia elétrica já foi concluída, com a entrega em fevereiro de relatórios à Agência Nacional de Energia Elétrica. A segunda fase, que inclui a publicação de dois livros com as conclusões dos trabalhos e a criação de um observatório para acompanhamento de todos os projetos piloto em andamento, deverá ser finalizada até 17 de setembro desse ano, segundo previsão da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.

Uma das questões cruciais para o segmento de distribuição é como será dividida a conta dos novos investimentos. “Com a regulação atual, o processo de remuneração dos ativos das distribuidoras não paga isso”, afirma o presidente da Abradee, Nélson Fonseca Leite. O executivo lembra que tudo vai depender da escolha da tecnologia e de como a regulamentação vai tratar do assunto.

As distribuidoras calculam que a instalação de redes inteligentes terá custo adicional e a nova tecnologia deve cobrir inicialmente apenas parte do país. A regulamentação deverá definir o tratamento a ser dado à questão da vida útil desses ativos, para efeito de depreciação. Hoje, explica Leite, medidores eletromecânicos têm vida útil regulatória de 25 anos. Para os medidores eletrônicos, o prazo atual de 13 anos terá de ser revisto com a nova tecnologia.

Resultado de chamada pública realizada pela Aneel, o projeto estratégico de P&D envolveu o diagnóstico e o grau de penetração das diversas tecnologias existentes no mundo, para que se elaborasse uma proposta a partir de certas premissas e cenários. Leite, da Abradee, lembra que o trabalho contou com a participação de mais de 180 pesquisadores de diferentes instituições, que atuaram em diversas frentes. Na parte de medição, o trabalho ficou com o laboratório paranaense Lactec; automação de redes com a Universidade de São Paulo; geração distribuída, veículos elétricos e armazenamento com a Kema; tecnologia da informação e interação entre equipamentos com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento – CPqD; e políticas públicas com a Fundação Getúlio Vargas. Foram realizadas também pesquisas qualitativas com órgãos de defesa do consumidor e formadores de opinião para tratar da questão sob a perspectiva do consumidor, e criado um módulo de coordenação geral a cargo do Instituto Abradee.

“Investimos até agora em torno de R$ 8 milhões em pesquisa, fora os projetos piloto feitos pelas distribuidoras”, conta Nélson Leite. Entre esses projetos estão o da Eletrobras em Parintins (AM); o da Cemig em Sete Lagoas (MG); o da Ampla em Búzios (RJ); o da EDP em Aparecida (SP); e o da Copel na Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba (PR).

O dirigente da Abradee afirma que o trabalho feito por essas instituições considera a multiplicidade de usos da tecnologia de smart grid, mas não chega a analisar a questão da automação doméstica a partir das novas tecnologia e os efeitos de sua aplicação na casa do clientes. Para Leite, não tem como implantar um projeto de redes inteligentes sem levar em conta a interação entre serviços como energia e telecomunicações. Ele lembra que o programa Brasil Maior tem um comitê interministerial que discute a implantação dessas redes, e a discussão do tema envolve também a indústria nacional.


Fonte -Fonte: Canal Energia

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