RESERVATÓRIOS DE ÁGUA CHEGAM A PIOR NÍVEL DESDE 2005

Os reservatórios das usinas hidrelétricas devem fechar o mês de setembro no nível mais baixo desde que a série do ONS (Operador Nacional do Sistema) começou a ser publicada, em 2005.

No início deste ano, o governo da presidente Dilma Rousseff decidiu não fazer campanha de racionamento de energia elétrica imaginando que seria possível chegar ao fim do período seco, em novembro, com abastecimento entre 30% e 40%.

Neste momento, os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste – responsáveis por 70% da capacidade de abastecimento do país – já apresentam resultado inferior ao desejado, 27%.

O fim de setembro e o mês de outubro ainda fazem parte do período seco dessas regiões, portanto, a tendência é que ainda haja redução do nível no período, mesmo que pequena.

Para especialistas, o resultado deixa o país em uma situação delicada.

“Agora não há uma preocupação com desabastecimento, mas em como estarão os reservatórios no início do ano que vem”, disse Alexei Macorin Vivan, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Energia.

“Se o nível estiver em 15% ou 18% como se imagina (no mês de novembro), não há como admitir nenhum tipo de manobra. Ou seja, não chovendo o suficiente a partir daí, o governo terá de lançar mão de uma medida para redução do consumo”, afirmou.

Para João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia, o cenário indica que o país terá de enfrentar, no início do ano que vem, situação semelhante à vivida neste ano.

“Sabemos que 2015 será uma cópia de 2014, ano que começa dependendo muito das chuvas e mantendo as térmicas ligadas em sua totalidade pelo menos até abril.”

Horários de pico

O baixo nível pode representar para o ONS um risco do sistema não conseguir atender a demanda dos consumidores durante o período de ponta – os horários de consumo mais intenso, afirma Mello.

A consultoria PSR, destacou como reflexo dos baixos níveis dos reservatórios o aumento de preços nas tarifas ao consumidor, que aparecerá nos próximos reajustes como consequência do uso intenso das usinas térmicas.

“Nossas projeções atuais apontam para armazenamento médio do sistema ao final de novembro em 20%, um dos valores mais baixos dos últimos 15 anos”, disse o gerente de projetos da PSR, Bernardo Bezerra.

“Isso vai se refletir nas tarifas de energia do mercado regulado e nos custos de compra de energia dos consumidores livres que estão sem contratos em 2015.”

Em resposta à Folha, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, defendeu que os níveis atuais e a perspectiva de chuva indicam uma “transição da estação seca para a estação úmida dentro da normalidade”.

Ele negou que a situação atual seja determinante para a adoção de medidas de redução de consumo e defendeu a estratégia do governo.

Segundo Chipp, com a operação atual, não serão necessárias chuvas excepcionais no próximo período úmido.


Fonte -Fonte: Folha de S. Paulo / Julia Borba

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