O governo prevê um crescimento de 2,9% da economia até 2029 e, para isso, terá de adicionar capacidade de geração de energia equivalente a quatro usinas de Itaipu para suportar esse desempenho.
É o que mostra o Plano Decenal de Expansão Energética (PDE) assinado nesta terça-feira (11) pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
De acordo com o ministro, esse novo planejamento exigirá investimentos de R$ 2,3 trilhões para a ampliação da capacidade instalada, 74% concentrado na exploração de petróleo e gás.
Sob críticas de empresários das chamadas energias limpas, o plano acentua ainda mais a queda do peso das fontes renováveis.
Cerca de R$ 1,7 trilhão do investimento total projetado será destinado à ampliação da capacidade de exploração de petróleo e ao gás.
Segundo o secretário de Planejamento e Desenvolvimento do ministério, Reive Barros, o peso das fontes renováveis cairá de 83% para 80% (sob a óptica da capacidade instalada) e continuará no patamar de 48%, levando em conta a oferta interna de energia.
Para ele, este é um patamar suficiente para que o país cumpra os termos do acordo de Paris e de outros protocolos de redução de emissões de carbono.
Ainda de acordo com o documento, o peso das hidrelétricas passará de 58% para 42% do total da capacidade instalada do sistema até 2029.
Embora fontes renováveis, como solar, eólica e biomassa cresçam bastante no período, a produção de petróleo e gás deve extrapolar a média registrada na década passada.
Segundo o secretário, o país deve passar a ocupar a quarta posição como maior produtor de petróleo. Em 2019, a média diária de produção foi de 2,8 milhões de barris. Em uma década, a projeção é de bater em 5,5 milhões.
Com essa marca, o país ultrapassará o Iraque e ficará atrás de EUA, líder mundial, Rússia e Arábia Saudita.
Ainda segundo o ministério, o país passará à condição de exportador, destinando 3,5 milhões de barris por dia ao mercado externo. Hoje, essa média é de 1,2 milhão de barris.
A grande parte desse petróleo (76%) sairá de campos do pré-sal situados nas bacias de Santos. Hoje, esse peso é de 55%.
Na esteira dessa indústria estará a do gás natural. O plano do ministério prevê que as termelétricas passem a utilizar esse combustível. Sozinhas, elas responderão por 80% da demanda projetada para o consumo do gás no período. As bacias de Campos, Santos, Sergipe-Alagoas serão as áreas produtoras.
No planejamento, esse combustível vai abastecer o Novo Mercado do Gás, anunciado pelo governo no ano passado como parte da saída da Petrobras desse mercado.
Com a venda das participações da estatal na distribuição e transporte de gás, o governo prevê investimentos da iniciativa privada da ordem de R$ 43 bilhões até 2029, R$ 25 bilhões a mais caso não houvesse a política de estímulo nesse setor.
Se as previsões se confirmarem, a capacidade instalada de produção do gás dobrará nessa década, chegando a 14%.
Os cálculos feitos pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) consideraram um crescimento populacional de 0,6% ao ano e uma expansão do PIB de 2,9% até 2029.
Isso deve levar a uma ampliação do consumo de energia elétrica de 2,5% ao ano.
Caso essa projeção se confirme, o país precisará contar com uma carga de energia elétrica três vezes maior que a injetada hoje por Itaipu ao sistema. (Julio Wiziack/FolhaPressSNG)