Na terça-feira (28/10), a Fiabci/Brasil e seu principal member, SindusCon-SP, promoveram uma reunião empresarial para debater o tema “A industrialização na construção civil”.
Como palestrante, o evento contou com a presença do professor espanhol Hugo Corres Peiretti, Doutor em Engenharia de Caminhos, Canais e Portos e presidente da Fhecor Ingenieros Consultores (Espanha) e da Fhecor do Brasil Engenharia. Participaram como debatedores Iria Lícia Oliva Doniak, presidente da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) e Eduardo Sampaio Nardelli, presidente da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura). Também compuseram a mesa Basílio Jafet. presidente da Fiabci/ Brasil. José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP, e Paulo Sanchez, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.
Segundo o professor Hugo Corres, a construção civil busca aprimorar processos para atingir a maior produtividade possível em um menor espaço de tempo, reduzindo, assim, os custos e os impactos ambientais com a manutenção da qualidade Um dos exemplos apresentados por Corres foi o novo terminal 4 do aeroporto de Barajas, em Madri, na Espanha. “Na obra de um milhão de m² foram investidos, no total, 6 bilhões de euros.
As soluções construtivas utilizadas buscaram a otimização da gestão da obra e o uso das mais avançadas tecnologias. Por meio da arquitetura modular, por exemplo, os pré-moldados deram mais versatilidade e aumentaram a velocidade de construção”, completou.
A pré-fabricação, quando bem concebida e integrada com outros processos construtivos, permite alcançar resultados muito competitivos. Segundo Corres, o uso de estruturas metálicas agiliza a produção, e a interação da engenharia estrutural com a arquitetura e a melhor maneira de garantir soluções eficientes e obter processos construtivos industrializados. “O edifício San Paolo, em Turim, na Itália, além de usar estruturas híbridas que combinaram armações metálicas com elementos pré-fabricados, utilizou um processo de concretagem de uma única etapa, que durou 48 horas. Houve redução do tempo de execução devido à utilização de dosagens específicas de concreto, identificadas a partir de estudos de temperatura”, afirmou.
Já Íria Lícia Oliva Doniak comentou que, no Brasil, alguns fatores, como a política tributária, caminham contra a industrialização da construção civil. “Para que isso aconteça, é fundamental que o setor se abra para novas tecnologias que busquem a produtividade e a sustentabilidade – sejam elas por meio das estruturas pré-fabricadas ou não. O que não podemos é ter apenas duas ou três opções de tecnologia construtiva. Devemos buscar a inovação”, completou.
Do ponto de vista da arquitetura, para Eduardo Nardelli, a solução para uma obra bem-feita está em um bom projeto, que possibilite planejar gastos e otimizar o consumo de energia e água. “Atualmente, temos recursos tecnológicos para simular a execução das obras com gastos ínfimos”, afirmou. Outro ponto importante é o papel do Estado. Além de adotar políticas que promovam a industrialização no setor, o Poder Público tem uma função essencial de demandar qualidade e tecnologia, já que é o maior comprador de projetos do País e ajuda a definir o mercado.
Ficou claro, portanto, que o Brasil ainda precisa avançar para que a industrialização na construção civil aconteça de forma mais efetiva, assim como já acontece em outras partes do mundo. Para isso, é preciso que o Poder Público faça sua parte, com o fomento de um ambiente propício a inovação e ao desenvolvimento de negócios – o que, certamente, induzirá a iniciativa privada a adotar as melhores práticas. Esse é o caminho.
Fonte -Fonte: O Estado de S. Paulo