BOM MOMENTO PARA TRABALHAR COM SUSTENTABILIDADE

Em uma manhã de abril regada a forte ar condicionado na sede da BM&FBovespa, a Bolsa lançou um programa de sustentabilidade empresarial com a presença de dezenas de companhias interessadas em adotar práticas ambientalmente corretas em suas estruturas e operações.

Empresas como as que participaram do evento crescem em número no mundo todo – movimento desencadeado com as mudanças climáticas do planeta – e têm estimulado a criação de empregos ‘verdes’: aqueles que contribuem para reduzir o impacto negativo das empresas no meio ambiente. Um dos principais pontos adotados por essas companhias é adoção de fontes energéticas renováveis.

“Está claro para empresas e investidores que os recursos naturais são finitos, e mesmo os renováveis têm limites”, afirma Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos, entidade que ajuda empresas a gerir seus negócios de forma responsável. “Muitos profissionais já estão trabalhando para mudar os atuais paradigmas da cadeia produtiva e de consumo.”

Como o executivo de 57 anos formado em engenharia civil, grande parte dos profissionais ‘verdes’ não são originários de áreas como biologia ou gestão ambiental, mas de cursos de filosofia, relações internacionais, comunicações, psicologia e direito. É o caso da diretora de sustentabilidade da BM&F Bovespa, Sonia Favaretto, de 43 anos. Formada em jornalismo com pós em comunicação empresarial. Sonia entrou na Bolsa em novembro de 2009 para montar a diretoria de sustentabilidade. “Meu papel é estimular as demais áreas a adotar práticas sustentáveis e, para isso, utilizo minha experiência em comunicação”, conta.

“A sustentabilidade deve contribuir para gerar bons resultados financeiros.”
Por enquanto, a equipe da área da BM&FBovespa é formada por três pessoas – a diretora, uma gerente e uma assistente. “No próximo semestre, também vamos contratar um analista”, diz Sonia.

Profissões:

Na Embraco, fabricante nacional de compressores de refrigeração para geladeiras e que exporta para 80 países, as práticas responsáveis tornaram-se um dos pilares estratégicos da empresa. É o que afirma a líder global de sustentabilidade da Embraco, Gabriela Werner.

Graduada em direito e com pós em gestão estratégica da sustentabilidade, a catarinense de 29 anos diz que, para atuar na área, não é necessário já chegar como especialista. “Precisamos de competências diferentes e damos treinamento em sustentabilidade dentro da empresa.”

A equipe comandada por Gabriela – que cria e implementa as diretrizes sustentáveis da Embraco – é formada por dez pessoas, espalhadas em seis países (a companhia tem fábricas no Brasil, Itália, Eslováquia e China e, no segundo semestre, abrirá uma quinta unidade no México).

São três jornalistas (da Eslováquia, Brasil e Itália), um cientista social, um engenheiro químico, uma pedagoga, uma psicóloga (Brasil), duas formadas em letras (China e Eslováquia) e um em marketing (Estados Unidos). “Para essa turma se comunicar e buscar informações, o inglês fluente é essencial”, diz a executiva. “Tão importante quanto as competências técnicas são as comportamentais, como empreendedorismo, iniciativa e busca constante pela inovação.”

Alexandre Prado, pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces), graduou-se em turismo na USP e iniciou sua carreira em uma agência de ecoturismo. “Também atuei com planejamento turístico em uma empresa de consultoria”, diz o paulistano de 40 anos.

Ele sempre gostou de temas ligados ao meio ambiente e, graças à sua experiência na Amazônia (“vou para lá há mais de 20 anos”), foi chamado pela FGV.

“Atualmente, coordeno os estudos de investimentos que serão feitos na região do Rio Madeira nos próximos 30 anos”, diz. Segundo o pesquisador, os salários vão de R$ 1,5 mil (trainees) a R$ 20 mil (diretores).

Financeiro:

Assim como Prado, a economista Maria Eugenia Buosi, especialista em investimentos responsáveis do Santander Asset Management, também sentia atração pelo tema. “Procurei o banco por que admirava seu trabalho nessa área”, diz. Ainda como trainee, em 2006, participou do projeto de certificação ambiental do edifício do ABN Amro, mais tarde adquirido pelo Santander.

No banco atual, Maria Eugenia está à frente do Fundo Ethical (que só aplica em ações de empresas listadas na Bolsa e que adotam práticas sustentáveis). “Temos uma metodologia de avaliação e damos notas para suas práticas, seguindo nossos critérios de sustentabilidade”, diz.

“Queremos saber o impacto que essas empresas causam ao meio ambiente e identificar oportunidades de negócios que derivam de práticas sustentáveis.”

Na Johnson & Johnson, a área de sustentabilidade está ligada à diretoria de assuntos corporativos e uma das gerentes é Katia Reis, formada em relações internacionais. Além dela, há outra gerente, um trainee (formado em biologia) e uma estagiária (estudante de comunicação).

Todos trabalham de forma integrada, cuidamos desde a educação dos funcionários sobre o tema ao desenvolvimento de modelos de negócios sustentáveis, como o programa de recolhimento de embalagens pós consumo (implantado no Carrefour no final de 2010).

“O mercado de sustentabilidade está aquecido e as empresas vêm criando estruturas de sustentabilidade mais formais”, diz Katia. Segundo ela, os salários para os formados vão de R$ 5 mil a R$ 20 mil.


Fonte -Fonte: O Estado de S.Paulo / Jennifer Gonzales

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