INVESTIMENTO DO GOVERNO ANIMA A CONSTRUÇÃO CIVIL

Os sinais cada vez mais nítidos de que os investimentos públicos voltarão a deslanchar em 2012 animam a construção civil. “A presidente Dilma Rousseff já disse que é preciso acelerar o PAC e está claro que teremos melhores condições de enfrentar a crise se o programa ganhar outro ritmo”, disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady, que apresentou projeção de 5,2% de expansão do setor para o ano que vem e de 4,5% nos próximos três.

Não é para menos, só o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 tem investimentos previstos de R$ 955 bilhões até 2014. E a nova fase do, “Minha Casa, Minha Vida” prevê a construção de dois milhões de moradias no mesmo período. Se ambos objetivos forem cumpridos, a despeito da crise externa, levam a reboque os investimentos da indústria da construção.

De acordo com Safady, esses programas ficaram aquém das expectativas neste ano e o próprio governo tem consciência disso. No caso do PAC, houve retenção de recursos e os projetos não estavam maturados. Já no plano habitacional, houve atraso na aprovação pelo Congresso e as novas regras só saíram no último trimestre do ano. “A partir de janeiro, o Minha Casa, Minha Vida 2 tem condições de se assemelhar ao que foi obtido na primeira fase”, disse Safady.

Dinheiro sobrando:

Diante das perspectivas de expansão, o presidente da Câmara ressaltou que não falta dinheiro para as obras que serão tocadas. “Nossos problemas não são recursos, temos o suficiente para trabalhar”, disse, lembrando que a projeção é de R$100 bilhões disponíveis ao setor em 2012, contando com recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além dos disponibilizados no Orçamento para subsidiar o “Minha Casa, Minha Vida”. Mas ele deixa claro que, para “pavimentar” o futuro, novas formas de financiamento precisam surgir.

De acordo com Luís Melo Mendes, economista da Cbic, as novas regras para o lançamento de debêntures e outros instrumentos de financiamento no mercado financeiro ganham mais força na medida em que a taxa básica de juros é reduzida. “Se a queda for consistente e contínua abrirá espaço para a procura por esses títulos privados e novas formas de financiamento para a construção”, diz.

Esgoto é o problema:

Safady criticou a falta de empenho do governo para expandir o saneamento básico no país. Segundo ele não faltam recursos para solucionar os problemas de carência de redes de água e esgoto, mas nada acontece.

“O saneamento básico no Brasil é uma vergonha”, afirmou. “O governo alega que nunca se investiu tanto em saneamento, mas a verdade é que o dinheiro está disponível, mas não é gasto”. Por quê? “Não há projeto, não há planejamento, regras, prioridade e vontade política de fazer”, conclui.


Fonte -Fonte: Brasil Econômico / Simone Cavalcanti

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