Iguá dá início a dragagem histórica das lagoas na zona oeste do Rio de Janeiro

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/04/26/comeca-dragagem-das-lagoas-da-barra-e-de-jacarepagua-volume-de-lodo-a-retirar-encheria-quase-mil-piscinas-olimpicas.ghtml

Uma obra histórica, que deveria ter acontecido antes das Olimpíadas do Rio, finalmente saiu do papel. Começou nesta sexta-feira (26) a dragagem das lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.

Houve tempo em que essas lagoas tinham as águas limpas, com muitos peixes. Elas eram cercadas de dunas de areia branquinha — uma paisagem paradisíaca numa região praticamente desabitada.

Quase seis décadas depois, o crescimento desordenado dessa parte da Zona Oeste transformou as lagoas num imenso depósito de lixo e esgoto.

A despoluição foi promessa olímpica, mas nem os jogos do Rio conseguiram tirar o projeto do papel.

A situação começou a mudar esta semana. O RJ1 acompanhou com exclusividade o início dos trabalhos que devem mudar a qualidade da água das lagoas.

As equipes usam uma máquina que parece uma retroescavadeira flutuante para remover todo o lodo e o sedimento que assorearam e deixaram o canal muito raso, impedindo a passagem de máquinas e equipamentos pesados em direção à Lagoa do Camorim.

A profundidade no local atualmente é de apenas 30 centímetros. O objetivo é aumentar a profundidade do canal que dá acesso à lagoa do Camorim para 2,5 metros.

O gerente de contrato diz que em 2h30 de trabalho já retirou muito lixo do local, com cheiro de ovo podre.

“É plástico, madeira, pneu. A gente ainda não chegou na parte mais crítica que vai encontrar geladeira, vai encontrar sofá, ou seja, tudo o pessoal joga nessa lagoa, virou um verdadeiro lixão”, diz Guilherme Soares.

O trabalho deve levar no máximo vinte dias. Depois, máquinas e equipamentos pesados que já estão posicionados no Canal do Camorim deverão avançar na direção das lagoas para iniciar a dragagem.

A quantidade total de lodo que será removida equivale a 970 piscinas olímpicas. A maior parte desse material será lançada em cavas de até 13 metros de profundidade que foram abertas nas próprias lagoas anos atrás.

Esses imensos buracos foram abertos no passado para a retirada da areia usada em aterros e obras de expansão urbana. Agora, eles vão armazenar o lodo do esgoto.

“É um processo seguro, temos uma tecnologia que é uma cortina de siltagem, que é como se fosse um véu colocado em volta das áreas das cavas. Então, a deposição fica somente de uma forma lenta na cava, sem qualquer possibilidade de dispersão desse material para as laterais das lagoas”, explica o diretor de operações da Iguá Rio, Lucas Arrosti.

A parte mais contaminada do lodo, que corresponde a aproximadamente 5% do total, será levada para aterros sanitários. A soma desse material seria suficiente para encher 8 mil caminhões de carga.

“A expectativa é que, posteriormente aos 3 anos de dragagem, a gente já a gente já comece a observar uma melhora na qualidade da água das lagoas que hoje, pela sua classificação, tem uma classificação da Conama 357 classe 3, utilizada apenas para transporte aquáticos e paisagismo”, diz Lucas.

“E a nossa expetativa é que ela chegue à classe 1, podendo ser utilizada até para lazer e esportes aquáticos com contatos primários, quer dizer, mergulho, natação, kitesurf, vela. A ideia é que após esse processo a gente consiga ter um complexo lagunar com essa possibilidade.”

Para alcançar esse objetivo, além da dragagem, será preciso impedir o lançamento de 47 milhões de litros de esgoto por dia nas lagoas. Quase metade desse volume, 21 milhões de litros de esgoto, deverão ser canalizados até o final deste ano.

Mas o prazo final de instalação das redes coletoras termina daqui a 4 anos.

Outra frente de trabalho que já dá os primeiros resultados é a revegetação dos manguezais. Ao todo, 165 mil mudas de espécies nativas de mangue estão sendo plantadas na região. A paisagem já está diferente.

“Tá melhorando a qualidade do ar. E incremento da biodiversidade. Os animais têm aí área de reprodução, alimentação, de vida, ou seja, isso aqui é um verdadeiro celeiro de vida e com potencial ecoturístico inimaginável”, diz o biólogo Mário Moscatelli.

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Fonte: G1 – Globo.com

Foto: Reprodução/TV Globo

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