SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA DO PAÍS DÁ SINAIS DE SATURAÇÃO, DIZ FGV

Analisando o setor atualmente e o cenário futuro até 2040, a Fundação Getulio Vargas (FGV) apresentou, na quarta-feira (03/07) um estudo que mapeia a geração de energia elétrica do país. A principal constatação do trabalho, apresentado pelo coordenador de projetos da fundação, Otavio Mielnik, é a de que o sistema de geração do país, desenvolvido nos últimos 50 anos, mostra sinais de saturação e deverá ter a matriz modificada em direção à geração de usinas térmicas no futuro.

Apresentado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, o estudo “O Futuro Energético e a Geração Nuclear” aponta que, no período de 2013 a 2040, há três cenários possíveis para o setor.

O primeiro foi chamado de controle de mercado, que conta com um pequeno crescimento da demanda de energia e reduzido consumo do setor industrial. O segundo de racionalidade econômica, onde acontece crescimento da demanda necessitando ampliação da capacidade instalada e aumento do consumo de energia per capita no país. O último cenário é o de avanço institucional, de grande crescimento da demanda de energia e ampliação de investimentos privados.

Em ordem respectiva, a taxa de crescimento anual do setor em média é de 3% no primeiro cenário, 4% no segundo e 5% no terceiro.

Cenários possíveis:

A saturação se dá pela perspectiva de estagnação do potencial de exploração de novas usinas hidrelétricas, havendo a necessidade de maior diversificação da matriz econômica. No primeiro cenário, de controle de mercado, a composição da energia elétrica brasileira estará, em 2040, em 57% de hidreletricidade, 2% de óleo, 3% de eólica, 8% de biomassa, 5% de carvão, 8% de nuclear e 17% de gás natural. Atualmente, a composição da matriz é de 80% de energia oriunda de usinas hidrelétricas.

No segundo e terceiro cenários, os de racionalidade econômica e avanço institucional, há um aumento substantivo da participação da energia nuclear na matriz nacional, seguido de aumento do gás natural em detrimento do encolhimento de hidrelétricas e térmicas a combustíveis fósseis.

No cenário de racionalidade econômica, a distribuição das sete fontes ficou da seguinte forma: hidreletricidade 49%, óleo 2%, eólica 6%, biomassa 6%, carvão 4%, nuclear 12% e gás natural 21%. No cenário de avanço institucional, a composição foi de hidreletricidade 46%, óleo 2%, eólica 7%, biomassa 7%, carvão 5%, nuclear 15% e gás natural 18%.

Sugestões:

Alguns movimentos são citados pelo estudo como necessários para melhorar a eficiência e a oferta do setor e baixar os custos aos consumidores: diversificação da matriz energética, para diminuir a dependência de fatores climáticos ou físicos; planejamento público de longo prazo para o setor, para atrair mais investimentos privados e melhorar o nível de investimentos; aumento da presença de usinas nucleares com tecnologia avançada e dispositivos de segurança, para baixar o custo total do sistema; participação do setor privado na construção, gestão e operação de novas usinas através de concessões, a exemplo do que está sendo feito com rodovias, ferrovias, aeroportos e portos.


Fonte -Fonte: Valor Econômico / Rodrigo Pedroso

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